sábado, 27 de agosto de 2011

!10 anos de MAGAIVERS!

Finalmente parece que Santa Clara olhou com seus olhos misericordiosos aqui pra baixo do mundo e o climagate vai dar uma leve trégua e a internet não sofrerá com os raios e conseguiremos postar:


Parece que foi ontem que eu olhava os cartazes das bandas undergound paranaenses apresentados a mim pelo meu amigo e historiador Márcio, grande figura da UFPR, e me deparei com aquele nome: MAGAIVERS. Até ali eu só conhecia o Ovos Presley,  que sempre adorei, e os Catalépticos. O nome vinha de um seriado que a maioria de vocês nunca assistiu: o McGiver era um cara que sempre se envolvia em ‘’roubadas’’ e acabava inventando solução pra tudo, segue um trechinho ali no final do post.
-Só o cara sendo um McGiver pra poder tocar uma banda no Brasil, ainda mais deste lado do país!
Mas eram muitas bandas num desfile enorme de cartazes colados naquela parece e nós fomos pro projeto onde trabalhamos juntos.
Depois disso um incidente veio me trazer definitivamente o Magaivers para as trilhas sonoras que jamais sairiam dos nossos MPs, celulares e agora das playlists. Eu os vi num bar e foi como se o Ramones tivesse ressucitado e estivesse ali, na fase inicial de sua carreira, que foi a melhor, com músicas novas e que eu não precisaria traduzir!

Agora esta banda faz 10 anos. Uma década que passou muito depressa tanto para eles como para nós. E lá fomos nós, saindo da nossa montanha, descendo a serra, numa van com a galera de Jaguar (apelido carinhoso de Jaraguá do Sul), Blu (Blumenau) e Joinville, chefiada pelo Neto Murracho, que você pode ver aqui no post sobre o seu podcast DEMO2 (demo ao quadrado, tá?)!

Este show que teve a participação de suas famílias, seus fãs e a nata do underground local como Giovanni Caruso (ex- Feicheclers e atual Giovanni Caruso e o Escambau),


 e também do Sul como Davi Pacote do Tequila Baby e Henrique do carioca Carbonna. Não podemos deixar de mencionar a paticipação especialíssima do André, responsável por tirar o Rodrigo do Kart, como ele disse no palco!

Revivo sempre todo meu sofrimento quando piso naquela cidade que eu amei tanto e onde sofri muito, tendo chegado a depressão, mas também me lembrei dos momentos mais incríveis quando esquecia de tudo isso e voltava a ser eu mesma, pulando, suando e berrando nos shows que adorava! 

Ali eu deixava de ser aquela ex-tudo, uma ex-viva, que todo mundo odeia e era só mais uma pessoa curtindo a vida. Isso me deu ‘’Strenght to Endure’’ e sempre vai me dar! Mesmo que eu esteja tão velhinha que vá de bengala aos shows. Ou carregada pelos meus filhos pra dentro do camarote.
Encerro este post com uma música que parece ter sido escrita pra mim:

Nem tudo está perdido/mas você vive cada dia/como se fosse o último
Pra você/a vida termina aos quarenta (...)
Mas se for o fim então segure
Segure minha mãos
Cairemos juntos!

Awild Garden

As fotos são cortesia do Neto Murracho, sua lindíssima irmã e nossos queridos amigos!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A maconha invade a gastronomia!



Sabedores do quanto somos opositores da hipocrisia que reina em nossa sociedade a respeito de temas tão ou mais antigos que o antigo Egito, aqui colocamos um interessante estudo da gastronomia que hoje é incrementada com o uso da erva mais polêmica da história. 


Eu pessoalmente não vejo graça nenhuma em usá-la, mas sou  a favor da liberdade de opção, pois nunca vi nenhum maconheiro cometer as atrocidades que os bêbados, por exemplo, cometem.


Se a maioria do país usa, de 8 a 80 anos, não sei porque perder tempo e dinheiro públicos indo encher o saco dos consumidores em vez de prender assassinos e demais criminosos violentos a solta em cada m3!


Como as receitas pareciam se concentrar nos cardápios internacionais que sempre me pedem tradução, aí vão algumas compiladas pelos malucos verde(e bota verde nisso)-amarelos:












         
MASSA AO SUGO (4 PESSOAS):


INGREDIENTES::::14 g De maconha de boa qualidade, sem folhas, sementes e galhos. l00 g do azeite de oliva extra-virgem. 1 cebola. 3 dentes de alho,. 500 g de tomate descascado. Sal, pimenta, orégano, folhas de louro. Queijo parmesão a gosto.


MODO DE PREPARAÇÃO:

1. PASSO: fritar a cebola no azeite de oliva e quando a cebola começar a dourar acrescente o alho e não deixe queimar nada(hehehehehe).
2. PASSO: COLOQUE A MACONHA ESMURUGADA E LIMPA junto com a cebola e o alho na panela e a deixe fritar apenas um pouquinho até sair a reina e sempre lembrando que não é para queimar hehehehehe é dourar o alimento heheheheheh.
3. PASSO: O TERCEIRO PASSO temos que adicionar o tomate descascado mexa um pouco depois que adicionar o tomate.
4. PASSO: depois de cozinhar o molho no minimo uma hora em fogo baixo para dar textura a ele adicionar o parmesão em cubos pequenos, adicione também tempero verde, 2 folhas de louro, orégano, pimenta e sal a gosto.
5. PASSO: SERVIR com um belo macarrão al dente e com um vinho e tá feita a noite com sua esposa!!!! só curtir hehehe

Obs. O parmesão em cubos vão derretendo em quanto a pessoa come fica muito bom mesmo.. hehehehe baita laricão e é barato apenas a maconha que não hehehehe

PODEM ACRESCENTAR O QUE QUISEREM PARA DEIXAR O PRATO MAIS ATRATIVO AO SEUS GOSTOS EX: MAIS MACONHA HEHEHEHEHH OU O QUE TIVEREM EM CASA HEHEHEHEHEHEHEH

BOM APETITI

Obs. Muitos vão perguntar como descascar o tomate?????





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Resposta num forum se alguém sabia fazer bala:


creio que sim!!!!!
nunca fiz mas raciocina comigo !!!!
vamos junto nessa hehehehhhe

joga um punhado de açucar numa panela e maconha junto bem limpinha!
o açucar vai começar a caramelizar depois que tiver caramelizado e bem liquido colocar numa forminha para secar as balas. pode ser acrescentado folhas de hortelã para amenizar o gosto ou de funcho hehehehe mas creio que da sim nese método só nunca fiz mas é bem possivel de ser feito pq o açucar depois de frio fica bem duro aconselho a não morder pois pode quebrar um dente heheheheh agora é fazer o teste!!!!!! hehehehehehe

paz e se der certo posta ae mas creio que não tem erro!!!!!

paz



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Cocada de Corte
Por: (nome deletado para preservar o sossego da autora)


INGREDIENTES:

* 1 lata de leite condensado
* 2 latas de açúcar (lata de leite condensado)
* 100 g de coco ralado
* Cannabis a gosto !



MODO DE PREPARO:

1. Misture tudo e leve ao fogo sempre mexendo pra não grudar, quando estiver com uma coloração bem amarela(não sei com cannabis como fika ) passando pra um marronzinho claro pode tirar do fogo.

2. Unte uma forma com margarina(pode ser de cannabis pra ficar no grau) e despeje a cocada na forma.

3. Quando ela ainda estiver esfriando pegue uma faca e corte-a em quadradinhos.

4. Quando esfriar totalmente é só desinformar.

5. Caso queira fazer no microondas coloque na potência média alta por cerca de uns 16 minutos.

6. E mexa pelo menos de 4 em 4 minutos.

7. No final preste mais atenção porque sobe muito e tem que parar pra mexer.

8. Depois é só colocar em uma forma untada e cortar em quadradinhos quando tiver esfriando.





Esta já mata a larica!
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Manteiga de Maconha

Ingredientes:

100 gramas de maconha ( de preferência da BOA )
250 gramas de manteiga

Modo de Preparo:

Esmurrugue bem a maconha e jogue em uma panela com a mateiga derretida. Deixe tudo fritando por uns 10 minutos ( cuidado para não queimar, senão o THC vai pro espaço... e você não quer que isso aconteça não é?! ). Depois esprema tudo numa peneira, o líquido esverdeado que sair é a base para todos os pratos cannabis.

Brigadeiro de Maconha

Ingredientes:

1 colher de mateiga de maconha
1 lata de leite condensado
2 colheres de chocolate em pó

Modo de Preparo:

Ponha todos os ingredientes em uma panela e mecha tudo até o brigadeiro ficar no ponto. Depois é só alegria

ESSAS AI TIREI DE UM SITE, PQ AINDA NAUM SOW UM GOURMET-DE-LÁ-CANNABIS. (observação do postante)







E após este desfile gastro-maconhal, nos despedimos, atenciosamente!



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Viva do dia do Miojo e seus inventores!




Clonado do  YaaaaaAAAAAHHHoooooo!! Como poderíamos sobreviver sem isso???? Eu ainda incremento com legumes e verduras, creme de leite, etc.... E adiciono salada de alface tomate!



Dia do Miojo: dicas para deixar esse macarrão mais saudável

Rápido e prático, ele pode ficar mais nutritivo com legumes, azeite e carnes

TAMANHO DA LETRA: Diminuir texto Aumentar texto
POR LAURA TAVARES
Bendito seja Momofuku Ando que, em 25 de agosto de 1958, descobriu como preparar um macarrão em apenas três minutos. Afinal, quem nunca chegou em casa com aquela preguiça e optou por preparar um "miojo", como se popularizou o lámen no Brasil?

Saboroso, quentinho e rápido, ele parece o prato ideal para quem está sem tempo de cozinhar, especialmente em dias frios. "Toda essa praticidade, entretanto, esconde um teor nutritivo baixíssimo", alerta a nutricionista Maria Fernanda Cortez. Segundo a análise da embalagem de uma das marcas mais conhecidas do mercado feita por ela, só o tempero contém cerca de 50% do valor diário de sódio em uma dieta de duas mil calorias. A massa, por sua vez, oferece 32% do valor diário de gordura saturada que deveríamos consumir.

Por outro lado, mesmo não sendo a refeição ideal para ser consumida diariamente, o macarrão abre portas para diversas receitas criativas que podem incluir alimentos altamente nutritivos.Com a ajuda da nutricionista Rosana Farah, elaboramos sete dicas para deixar seu lámen mais saudável. Confira:
  • Cebola e alho - Foto Getty Images
  • Legumes e verduras - Foto Getty Images
  • Molho de tomate - Foto Getty Images
  • Azeite de oliva - Foto Getty Images
  • Carnes - Foto Getty Images
  • Lasanha - Foto Getty Images
  • Yakisoba - Foto Getty Images
1 DE 7
Cebola e alho - Foto Getty Images
Faça seu próprio tempero
Deixe de lado aquele temperinho pronto que vem dentro da embalagem do macarrão instantâneo e utilize ervas e temperos naturais. "Uma ótima opção é o manjericão, que, além de deixar a comida com um ótimo aroma, também tem poder antibacteriano, protegendo as células do nosso corpo", indica Rosana. O alho também pode dar um gostinho a mais à refeição e, de quebra, você ainda combate doenças como gripe, diabetes e até câncer.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Brasileiro cria impressora 3D com Lego!


Brasileiro cria impressora 3D feita com peças de LEGO (vídeo)

24 DE AGOSTO DE 2011 - POSTADO EM: CIÊNCIAINFORMÁTICANOTÍCIAS
24ago2011
3d lego printer 580x313 Brasileiro cria impressora 3D feita com peças de LEGO (vídeo)
Há muitas coisas sendo feitas com peças de LEGO que não têm serventia alguma, mas obrasileiro Arthur Sacek teve uma ideia, digamos, inusitada e bem interessante. A impressora 3D feita a partir de uma combinação de peças de LEGO, cria formas ao usar blocos de espuma floral, comumente usada em arranjos de flores.
A impressão demora, foram necessárias 2 horas e 24 minutos para terminar a impressão do modelo que ele mostra no vídeo, contudo a forma resultante 3D é uma réplica exata.
3d printer 580x307 Brasileiro cria impressora 3D feita com peças de LEGO (vídeo)
Sacek, um programador iniciante, usou um módulo NXT- ferramenta que permite e facilita a construção de modelos interativos a partir de peças de Legoe um PC. Este módulo faz parte da LEGO Mindstorms NXT, linha lançada comercialmente em 2006, voltada para a educação tecnológica.
O brasileiro conseguiu casar bem a maravilha do mundo de LEGO e a prodigiosa tecnologia 3D voltada para automação.
(via geek.com)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Espanhol é preso com cocaína gelatinosa no interior do Amazonas


Gente!!!! Agora além do sorvete e refri de maconha, as sobremesas estão se inovando cada vez mais!

Recebido do portal D24 horas:

Espanhol é preso com cocaína gelatinosa no interior do Amazonas

Em nota à imprensa, a Polícia Federal informou que esta foi a primeira vez que o órgão encontrou a droga na forma gelatinosa. Ela estava no fundo da bagagem do espanhol.
[ i ]Espanhol está preso na delegacia de Tabatinga, no interior do Amazonas. Foto: Divulgação /PF
Manaus - Um espanhol de 60 anos foi preso no município de Tabatinga, no interior do Amazonas e distante 1.106km de Manaus, nesta quinta, 18 de agosto, por tráfico internacional de drogas. Segundo a Polícia Federal, o homem foi encontrado com 4.490 kg de cocaína acondicionada em uma forma gelatinosa no fundo da bagagem que levava.
Segundo o espanhol em depoimento à polícia, ele recebeu 8.000 euros para realizar a viagem para o Brasil. Após chegar ao país no dia 11 de agosto em Fortaleza, ele desembarcou no outro dia em Manaus e, em seguida, para Tabatinga.
Ao chegar no município do interior do Amazonas, o espanhol se dirigiu para a cidade colombiana de Letícia, onde se encontrou com dois homens que lhe entregaram uma mala que continha a cocaína gelatinosa. Segundo ele, o objetivo da viagem seria levar a droga do Brasil para a Espanha, apesar de afirmar não saber que havia entorpecentes na bagagem que levava.
Quando estava de partida de Tabatinga, os policiais federais desconfiaram dele por aparentar muito nervosismo. Depois de uma revista na bagagem, o espanhol foi preso e aguarda julgamento no presídio da cidade.
Em nota à imprensa, a Polícia Federal informou que esta foi a primeira vez que o órgão encontrou a droga na forma gelatinosa. 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quando terá fim a covardia no Tibet?


Monge tibetano morre após queimar o próprio corpo no sudoeste da China


Em Pequim
Um monge tibetano morreu após atear fogo ao corpo na província chinesa de Sichuan, informou nesta terça-feira a agência oficial "Xinhua", no segundo incidente do tipo que ocorre neste ano na região, localizada na "fronteira" entre as comunidades da maioria étnica chinesa han e os tibetanos.

Tsongwon Norbu, um monge de 29 anos que fazia parte do mosteiro de Nyitso, no distrito de Dawu, ateou fogo em seu corpo nesta segunda-feira, informou o governo local.

Segundo um comunicado da organização Free Tibet, com sede em Londres, o monge bebeu gasolina e a espalhou pelo corpo e pela túnica para dar início à sua imolação, e antes de morrer gritava "Vida longa ao Dalai Lama" e outras palavras de ordem em referência ao líder religioso tibetano no exílio.

Em março, Rigzin Phuntsok, um monge tibetano de 16 anos, também morreu após atear fogo ao corpo na mesma província, em um incidente que coincidiu com o terceiro aniversário dos protestos contra o governo chinês ocorridas na região em 2008.

O incidente deu início a semanas de fortes tensões entre as autoridades chinesas e o mosteiro de Kirti, ao qual o monge pertencia e onde outros religiosos foram levados a campos de reeducação por conta do episódio.

Fonte: UOL

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Marcelo Nova 60 anos, uma clonagem!


Atenção, galera, este post é uma clonagem deslavada do excelentíssimo Adelvan Kenobi, do


escarronapalm.blogspot.com

Marcelo Nova, 60 Anos

Houve um breve período, no final da década de 80, em que os meios de comunicação pareciam estar testando os limites da liberdade de expressão recém conquistada com o fim da censura imposta pelo golpe militar de 1964. Por conta disto, havia uma verdadeira proliferação de músicas e imagens com teor explícito, algumas de evidente mau gosto, tanto no rádio quanto na televisão. Foi nesta época que “Silvia”, um libelo machista/sexista composto “nas coxas” pelo grupo baiano Camisa de Vênus num ensaio e incluído em seu disco “Viva! Ao Vivo”, registro de um show no Caiçara Music Hall de Santos, São Paulo, virou “hit”. Não esqueço da imagem de minha mãe limpando a casa enquanto a voz poderosa de Marcelo Nova bradava no rádio “pois eu vi você com a mão no pau do vizinho! Ô Silvia, piranha! Ô Sua puta!”. “E pode?” – era só isso que vinha à minha cabeça.

Fiquei sabendo que podia. Na verdade não podia, mas haviam pessoas “abusadas” que gostavam de ir de encontro às convenções e fazer as coisas sem se importar se seus atos se encaixavam nos padrãos aceitáveis pela sociedade. O pessoal do Camisa de Vênus fazia parte desta turma, e eu resolvi que queria ser um deles.

Virei um “roqueiro”, um rebelde – o que foi uma mudança e tanto, já que até pouco tempo antes era um moleque carola que tirava 10 nas aulas de catecismo e ficava pegando no pé de minha irmã porque ela chegava tarde demais em casa. “Viva!”, o disco Ao Vivo do Camisa de Vênus, se tornou a aquisição número um de uma coleção que, de lá pra cá, nunca parou de crescer. Me espelhava, especialmente, no vocalista, Marcelo Nova, sempre polêmico e sem papas na língua, mesmo que, por pura ignorância e ingenuidade, não conseguisse reconhecer suas contradições, como o fato de viver criticando o então emergente rock nacional por copiar descaradamente o que era feito “na gringa”, sendo que ele mesmo praticamente xerocou “that´s entertainment”, do The Jam, em “passatempo”, e o refrão de “gimme shelter”, dos Stones, em “Só o fim”. O pessoal da Bizz tentou me alertar, mas não teve jeito: na minha cabecinha de fã era tudo intriga daqueles críticos frustrados. Meu ídolo era foda, deveria estar certo.

Não estava. Como todo mundo que fala demais, Marcelo Nova fala (e faz) muita besteira. Mas não deixa de continuar sendo um cara importante não só para minha formação musical, como para a própria história do rock brasileiro. Como não respeitar, afinal, um cara que emprestou sua guitarra para Chuck Berry tocar na primeira vez em que ele esteve no Brasil, em 1993? Que mandou a toda-poderosa Som Livre, braço radiofônico da Rede Globo, literalmente tomar no cu, quando eles insistiram para que mudassem o nome da banda ? “Vamos mudar para “capa de pica”, foi sua resposta. Um cara cuja banda lançou o primeiro álbum duplo do rock nacional, praticando um evidente e proposital suicídio comercial, justamente quando estava no auge de sua carreira, fazendo sucesso em todo o Brasil com “Simca Chambord”, “Deus me dê grana” e a já citada “só o fim”, a mais tocada nas rádios daquele ano de 1986. Depois lançou-se em carreira solo e antecipou a moda dos discos acústicos com “blackout”. Antes, ajudou a dar um último suspiro de vida artística ao ídolo-mor Raul Seixas, então em total ostracismo, gravando com ele o disco “A Panela do Diabo”. Depois foi acusado, injustamente, de oportunista, mas oportunistas foram os que gravaram musicas e discos em tributo a Raul depois de sua morte quando não davam a mínima para ele enquanto era vivo.

Sim, eu ainda admiro Marcelo Nova. Mesmo depois da “pataquada” que foi sua única passagem, que eu me lembre, por Aracaju, em carreira solo. Foi num projeto chamado “Acorde”, ao lado da Karne Krua, no Mercado Central, há aproximadamente 6, 7 anos. Veio sem guitarrista. Improvisou com Fabio, conhecido na cena local e fã de longa data do Camisa de Vênus, um arremedo de show que só não foi um fracasso total porque o cara é, no final das contas, um frontman do caralho! Já tinha tido a oportunidade de conferir este fato “in loco” nos anos 90, quando ele passou por aqui com uma turnê que reunia o Camisa em formação “quase” original, com Karl, Robério e Gustavo tocando juntos com Marcelo pela primeira vez desde 1987.

Hoje, 16 de agosto de 2011, Marcelo Nova faz 60 anos. Para comemorar, está lançando “Hoje no Bolshoi”, DVD gravado Ao vivo em Goiânia que será também o primeiro lançamento em formato Blu-ray do rock nacional.

Meus parabéns.

Por Adelvan

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(Wikipédia) Marcelo Drummond Nova (Salvador, 16 de agosto de 1951) é um cantor e compositor brasileiro. Foi vocalista da banda baiana Camisa de Vênus, desde o início dos anos 1980 até o seu primeiro final em 1987. Em 1988 iniciou sua carreira solo tendo gravado, no ano seguinte, um LP ao lado de Raul Seixas, intitulado A Panela do Diabo. Em 1995, reuniu-se com o Camisa de Vênus e lançou mais dois álbuns, sendo um ao vivo e outro de estúdio. Em 1998 retomou a sua carreira solo.

Reúne-se esporadicamente com o Camisa de Vênus e seu último trabalho de estúdio é o álbum O Galope do Tempo de 2005. É conhecido, principalmente, pelas músicas Bete Morreu, Eu não Matei Joana D'Arc, Simca Chambord e Só o Fim, com o Camisa de Vênus, e Pastor João e a Igreja Invisível e Carpinteiro do Universo, com Raul Seixas.

Marcelo Nova nasceu e cresceu em Salvador. Na infância era muito tímido e concentrava todas as suas horas livres em ouvir música. Ficava tardes e tardes inteiras apenas ouvindo música e prestando atenção aos detalhes, aos instrumentos e ao modo pelo qual eles eram tocados nos vários discos.[1] Foi nessa época que teve o primeiro contato com o rock and roll, quando pediu que seu pai lhe comprasse um disco de Little Richard, chamado Here's Little Richard.[1] Aos 14 anos viu Raulzito e os Panteras tocarem ao vivo, o que o fez perceber que era possível fazer o estilo de música que ele gostava aqui no Brasil.

Na adolescência e início da fase adulta trabalhou com seu pai, que tinha uma clínica de fisioterapia, fazendo pedigrafia.[1] Trabalhou também vendendo seguros antes de montar uma loja de discos chamada Néctar, em meados dos anos 70.[1] Com a loja, Marcelo consegue um emprego em uma rádio de Salvador, a Aratu FM, passando a ser responsável por um programa, chamado Rock Special, e pela programação da rádio.

Com o programa, Marcelo Nova torna-se conhecido fora da Bahia por pessoas do Rio e de São Paulo ligadas a gravadoras que lhe chamavam para dar opinião sobre vários discos que eles recebiam das matrizes e não tinham a menor ideia do que se tratava e de como comercializar.

No início dos anos 80, Marcelo Nova vende o ponto da loja e, com o dinheiro, faz uma viagem para Nova Iorque onde toma contato com o movimento punk. Percebe que, com o conhecimento musical que ele tinha adquirido - aliado à filosofia punk do "faça você mesmo", poderia montar uma banda e fazer música mesmo sem grandes virtuosismos.

Ao voltar de viagem, chama um amigo que tinha conhecido na TV Aratu, Robério Santana, para formar uma banda que tocasse rock and roll e punk rock. A banda foi formada ainda em 1980 e, após o lançamento de um compacto, ficam famosos na Bahia, o que lhes abre as portas para que gravem um álbum A banda duraria sete anos e lançaria, nesse primeiro período, quatro álbuns de estúdio e um ao vivo, ficando conhecida no Brasil inteiro e chegando a vender mais de 300 mil cópias do disco "Correndo o Risco".

O Camisa de Vênus voltaria a se reunir em 1995, lançando mais dois álbuns, um ao vivo e outro de estúdio. Após novo fim, em 1997, se reuniriam esporadicamente nos próximos anos. Atualmente encontra-se em atividade com Eduardo Scott (ex-Gonorréia) substituindo Marcelo Nova nos vocais.

Após o último álbum da primeira formação do Camisa de Vênus, Marcelo Nova juntou músicos para formar uma banda de apoio para a sua carreira solo. A primeira formação da Envergadura Moral, como foi chamada, contava com Gustavo Mullem nas guitarras, João Chaves (o Johnny Boy) nos teclados, Carlos Alberto Calasans no baixo e o veterano Franklin Paolilo na bateria.

Após ensaios e apresentações, a banda entra em estúdio e grava o primeiro disco, Marcelo Nova e a Envergadura Moral, lançado em 1988. O álbum é composto de baladas, sendo mais intimista do que os trabalhos anteriores com o Camisa de Vênus.[4] Conta, ainda, com um cover de E Nós aqui Forrumbando, que foi renomeada para A Gente é sem Vergonha, tendo a participação de Genival Lacerda.

Em 1984, durante um show do Camisa de Vênus no Circo Voador, o grupo foi avisado que Raul Seixas viria para assisti-los e queria conhecê-los. O que acabou acontecendo foi uma festa com o Camisa de Vênus, mais Raul Seixas, tocando covers de clássicos do rock para quem compareceu ao show.

A partir daí, Marcelo Nova e Raul Seixas tornam-se grandes amigos. Em 1989 decidem gravar um disco juntos e saem em turnê, realizando 50 shows.[3] Mais tarde naquele ano seria lançado o segundo álbum da carreira solo de Marcelo Nova, A Panela do Diabo, que viria a ser o último disco gravado por Raul Seixas, lançado dois dias antes da sua morte.[6] Depois deste disco, Marcelo Nova foi tido por muitos como o sucessor de Raul Seixas,[7] título do qual ele nunca gostou e que sempre contestou.

No início dos anos 90, Marcelo Nova estava em turnê quando o presidente Fernando Collor confiscou as cadernetas de poupança de todo mundo. Os shows que ele tinha marcado foram cancelados.[3] Ele resolveu, então, pegar um violão e sair com mais um músico, sem nenhum instrumento elétrico, fazendo uma turnê acústica, o que trouxe a ideia de fazer um álbum inteiro com essa sonoridade.[3] Em 1991, saía o disco Blackout, primeiro disco integralmente acústico da história do rock nacional, que marca a entrada de André Christovam, substituindo Gustavo Mullem, nos violões da banda Envergadura Moral.

No álbum seguinte, em 1994, Marcelo pegou a sonoridade acústica e inverteu-a completamente, produzindo um disco com muita guitarra e muito peso.[3] O álbum recebeu o nome de A Sessão sem Fim e traz na guitarra o veterano Luis Sérgio Carlini, que ganhou fama como guitarrista da banda de Rita Lee dos anos 70, o Tutti Frutti.

Após a volta do Camisa de Vênus, em 1998, Marcelo Nova resolve gravar um disco só com releituras de músicas de sua carreira, experimentando novos arranjos. A ideia surgiu quando ele viu uma ultra-sonografia de um feto e ocorreu-lhe que ele pulsava num ritmo exato, não tinha futuro, nem passado, era um ponto de luz.[11] Assim, gravou o disco Eu Vi o Futuro, Baby. Ele É Passado com apenas um músico (o multi-instrumentista Johnny Boy) que, com a exceção do próprio Marcelo Nova em uma das faixas, tocou todos os instrumentos. Este é o último álbum de Marcelo a sair por uma grande gravadora, a extinta Abril Music.

No ano seguinte, Marcelo Nova lança dois álbuns ao vivo a partir de dois shows selecionados por um fã, Luís Augusto Conde.[12] São eles o Grampeado em Público - Volume I e Grampeado em Público - Volume II que saíram pelo selo independente Baratos Afins e foram distribuídos apenas nos shows que Marcelo Nova realizou pelo país, tendo vendido cerca de 6 mil cópias.

Em 2001 sai a caixa tripla Tijolo na Vidraça, na qual o artista faz um apanhado da sua carreira contando com músicas antigas remasterizadas, releituras e inéditas. Depois de um tempo excursionando pelo país, Marcelo solta, em 2003, uma coletânea com grandes sucessos de sua carreira, tanto solo como com o Camisa de Vênus, chamada Em Ponto de Bala.

No ano de 2005, após 13 anos compondo e criando o conceito, sai seu último álbum de inéditas, O Galope do Tempo. O álbum possui características existencialistas, indo do nascimento à morte.

CAMISA DE VÊNUS 

Revista Bizz, Ed. 03 – outubro de 1985

"Cheguei, painho." Quem avisa é o guitarrista Karl Franz Hummel. Apesar do nome, ele é baiano - assim como os outros quatro integrantes do Camisade Vênus.
A banda foi parida há três anos no sítio Birita, km 7 de uma estrada qualquer do interior da Bahia. Robério era desenhista-publicitário; Marcelo, radialista; e Gustavo, bancário. Aldo tocava bateria numa igreja e "Karl vendia pulseiras, levantava ao meio-dia... um vagabundo", completa Marcelo.
Com uma formação musical vinda da pilha de discos que tinham em casa e dos superoito de shows gravados por Marcelo - quando ele "esbarrou" em Nova York - acharam por bem fazer um rock temperado com azeite-de-dendê. Alguma coisa com punch suficiente para tirar as pessoas "da letargia de verão". Marcelo ainda acrescenta: "De janeiro a março aquela terra parece Malibu".
Da Bahia, o último estouro musical que vem à cabeça é o Tropicalismo. Depois disso, só Novos Baianos e Raul Seixas - década de 70 -, num momento em que, conta Marcelo, "Elis Regina e Chico Buarque faziam passeata contra a guitarra elétrica". E agora o Camisa de Vênus.
Obstáculos no início de carreira? Obviamente. Primeiro pelo nome, depois por estarem afastados do eixo São Paulo-Rio. Fora o fato da mídia ter armado uma reputação punk para a banda.
E punks eles não são. Isso porque no último disco, além da formação-base de palco (duas guitarras, baixo, bateria e vocal), incluíram teclados, percussão, violino e saxofone. E Marcelo completa: "Temos 365 influências. Camisa de Vênus não tem paralelo lá fora. Não se parece com nenhuma banda".
Não mesmo. Lembra tudo. Basta ouvir o disco para perceber que passam pelo heavy - mas como tradição do solo de guitarra -, bebem do punk inglês da década de 70 e chegam até o reggae. Desatrelados de qualquer movimento, aceitam apenas um: "O da maré, que enche e vaza", diz Marcelo.
O punk fica por conta de uma iniciativa musical que dispensa virtuosismos, nas letras carrregadas de urbanismo e pornografia, e num vocal narrativo, pontuado a gargarejos.
Apesar dos anos de estrada, foram ignorados todo esse tempo pela imprensa. Hoje eles lotam qualquer espaço. Quem garante o sucesso é o público, que este ano jogou para primeiro escalão do Ibope a música "Eu não matei Joana D´Arc".
A glória não assusta. Novamente Marcelo: "Não seguimos nenhuma estratégica. Se uma dona-de-casa gosta do nosso som é porque se identifica com ele".

CAMISA DE VÊNUS

Nem panos quentes, nem papas na língua -

BIZZ - Que tal começar por um balanço de carreira? Vocês surgiram numa época(82) em que o cenário estava tomando pela Blitz. Como foi chegar nesse cenário com uma proposta como a do Camisa de Vênus?
Gustavo -Não mudou muita coisa não, viu. Tem muita Blitz e Rádio Taxi por aí.
Karl - Não estamos muito preocupados com o Cenário, e Sim com o Camisa e com o que a gente faz.
Marcelo - Não foi difícil, foi fácil. Se é que foi realmente difícil. se a gente observa por esse ângulo de cenário, o que acontecia na Bahia em 82 era uma reciclagem do tropicalismo, e Moraes Moreira. Pepeu Gomes. Baby Consuelo. Caetano, Gil, Bethânia, Gal. E. tanto sonoramente como no texto, o Camisa é diferente de todos estes exemplos. O fato de a gente ter vindo para São Paulo e Rio de Janeiro foi mais uma conseqüencia do que a gente já tinha feito em Salvador. Quando a Blitz gravou ´batata frita, eu sei que vou me amar, essas coisas o Camisa já era sucesso cm Salvador com ´´Meu Primo Zé´´. que tocava em tudo quanto era rádio FM. Só que a veiculação era limitada a uma cidade. Não tinha o poder de penetração que há em São Paulo e Rio de Janeiro.

BIZZ - Façam um balanço do que vocês pretendiam e o que vocês conquistaram.
Marcelo - Gravamos um compacto em Salvador num estúdio pequenininho de oito canais. Aí a música começou a tocar e começamos a nos apresentar para casas cheias, tocamos para vinte mil pessoas no Farol da Barra. E aí pintou o lance de gravar um LP. que a princípio seria pela Fermata. Viemos para São Paulo para isso e. quando estávamos no estúdio, uma pessoa entrou. ouviu e propôs para o Toninho (o contato da gravadora) que o disco poderia sair pela Som Livre. Como realmente acabou acontecendo. Só que depois de três meses que o disco saiu houve um problema interno lá deles.. Queriam que o nome da banda fosse mudado por razões que sei lá... Era imoral, indecente, ia dificultar a penetração na mídia etc. ... E se fossemos bons cordeiros, bons cabritos, em compensação eles dariam para a gente o sistema de mídia da Globo inteira. Não aceitamos essas pressões e pedimos as contas. Na época foi duro pra caramba. Custou vários almoços de hamhúrgueres. vários jantares de cheese-salada.
Karl - Morada na Boca do Lixo.
Marcelo - Só que hoje. quatro anos depois. a gente olha para trás e vê que foi a decisão mais acertada que poderíamos ter tomado. Porque durante este tempo aprendemos que nossa decisão é mais importante até que a vontade de qualquer pessoa. Ficamos um ano e meio sem conseguir gravar, e o segundo LP veio pela RGE que. por mais paradoxal que pareça é do mesmo dono da Som Livre. E. quando ´´Joana D´Arc" virou hit de rádio e invadiu a tal da mídia e a banda vendeu lO0 mil LPs. fomos convidados para fazer Chacrinha... E com o mesmo nome. Porque aí a falsa moral caiu por terra. O que era indecente passou a ser sarcástico. Sabe, aquela mentalidade: ´´Esse nome é bom, é sarcástico, vende 100 mil cópias e a gente vai ganhar dinheiro".
Karl - E a coisa mais engraçada é que quando a RGE resolveu relançar o primeiro LP. que tinha sido encostado pela Som Livre, o disco veio com um selinho dizendo: "Incluindo ´Bete Morreu´". E essa música escandalizava todo mundo da gravadora por causa da letra violentaram Bete, espancaram Bete, ela nem se mexeu, Bete morreu".

BIZZ - Quais foram os indicadores que fizeram vocês sentir que a coisa ia acontecer, que vocês iam ser uma banda de sucesso?
Marcelo - Acho que foi quando "Joana D´Arc" se tomou um hit. Este foi o ponto, porque veiculou o Camisa nacionalmente.

BIZZ - E depois de "Joana D´Arc"?
Karl - Depois disso a gente resolveu adotar São Paulo.
Marcelo - Inclusive porque a gente sentiu que a linguagem do Camisa tinha muito mais a ver com uma cidade urbana. O drive de São Paulo contribuiu e o público também.

BIZZ - E por que São Paulo?
Karl - A gente saía de madrugada na av. São João, via aqueles anúncios de neon, aquela fumaça. Já estava todo mundo de saco cheio de menina com cabelo de Elba Ramalho, biquíni fio-dental de Ipanema, entende"? Uma coisa vulgar pra caramba. Chega a se tomar desagradável de tão vulgar que é. E hoje, um ano depois que estamos morando aqui, ninguém está pensando em sair para canto algum.
Marcelo - Somos baialistas agora.

BIZZ - Como?
Marcelo - Baianos que moram em São Paulo.

BIZZ - Falem um pouco do novo disco.
Marcelo - Viva ainda é o novo disco. Viva foi uma decisão da gente de gravar um disco para os fãs, talvez até como uma maneira de reconhecimento por eles terem colocado a gente onde estamos hoje. E ele é a cara do Camisa no palco, que é o nosso habitat natural, é onde o Camisa é. Adoramos estúdios, procuramos esmerilhar aqui dentro. Mas o Camisa é, indiscutivelmente, uma banda de palco, até pela participação do público, que é tão importante quanto a nossa. E isso está registrado nesse LP.

BIZZ - Mas tinha o fato de vocês estarem devendo, por contrato, um LP para a RGE.
Karl - Mas poderia ter sido um disco de estúdio!
Marcelo - E tinha chegado o momento de fazer um disco ao vivo Aliás, parece que depois que a gente fez um disco ao vivo estão saindo outros discos ao vivo também (risos).

BIZZ - Como por exemplo?
Marcelo - Eu tenho ouvido... Saiu RPM, Caetano...

BIZZ - E do novo, novo disco, este que vocês estão gravando aqui.
Marcelo - Estamos começando ainda. Inaugurando este estúdio.

BIZZ - Então falem das diferenças entre este e os outros LPs.
Karl - Está ligado à própria evolução dentro do nosso trabalho. Somos cinco, seis com o Petê (empresário). Trabalhamos há quase cinco anos juntos. E a integração da banda, a sonoridade das guitarras, as idéias... está tudo melhor. Não moramos mais na Boca do Lixo, não dividimos apartamento. Acho que as mudanças têm a ver muito com nossa mudança de vida.
Marcelo - Se você observar o primeiro LP, ele é um pau só do começo ao fim.
Karl - O segundo já vem com um melhor tratamento de estúdio.
Marcelo - Além da diversificação rítmica. Tem reggae, rap, balada... O terceiro já é ao vivo. E esse novo disco é como eu falei: estamos começando agora e só temos as bases prontas.

BIZZ - Na época em que formaram a banda, vocês fizeram uma versão de "Negue", além de outras músicas que têm elementos da MPB. Como a MPB entrou no trabalho de vocês?
Karl - O objetivo de ´Negue" era dilacerar... O Marcelo queria conseguir ser mais dramático que Maria Bethânia cantando. E acho que ele conseguiu.
Marcelo - Se o Camisa tem um texto, vamos dizer, sério, como é o caso de "Metástase", ele também tem um lado super sacana. que é o lado de "Silvia", "Negue"... do deboche... Não somos cinco intelectuais tentando fazer som dos Smiths, Cure, U2, enfim, que tenha similar lá fora. O Camisa pode ser uma banda ótima ou uma porcaria de banda, mas ela tem características próprias. Não parece com absolutamente ninguém. Tem identidade. E, também, o Camisa sempre foi misturado. Aldo, por exemplo, gosta do U2. Gustavo de heavy metal, do Rush. -. Karl gosta de Pete Townshend, Lou Reed. . - Quer dizer, essa coisa de mesclar sonoridade sempre acompanhou a gente. E o fato de a MPB ter vindo misturado também está incluído nisso. E da admiração que todos nós temos por Raul Seixas. Tanto que nesse LP vamos fazer uma regravação de uma música dele.

BIZZ - Qual?
Karl - Não sabemos ainda. Tem duas ou três. Não decidimos.
Marcelo - Inclusive quando a gente leu na BIZZ, onde Raul dizia que ele não gostava de ninguém. só do Camisa de Vênus, porque era a única banda que não se permitia fazer esse joguinho das Globos da vida, ficamos super orgulhosos. O velho ídolo dizendo que nós somos os melhores.

BIZZ - Vocês disseram uma vez que o único rock brasileiro que prestava era o que vinha de Brasília e da Bahia.
Marcelo - Na verdade o lance era chamar atenção para o fato de que não só no Rio e São Paulo as coisas aconteciam. Essa linguagem que parece estar concentrada especificamente no Rio - linguagem para criança de 10 anos de idade. E uma brincadeira. Grupo de faixa etária entre 20 e 30 anos, às vezes até mais de 30. cantando musiquinha com letra de Menudo para garotinho de 10, 12 anos curtir. Mas. por outro lado, como o Camisa está sozinho, não estamos integrados a nenhum movimento de rock. nosso lance sempre foi à parte, cada um faça o que quiser. Já rasgamos nosso contracheque faz tempo! Raríssimas bandas eu paro para ouvir e dizer: gostei. Gosto de Replicantes. Acho que eles têm uma coisa de desenho animado do rock que eles passam e acho isso super legal. E do Capital Inicial. Os textos do Renato Russo eu gosto muito. Acho que o Legião não encontrou ainda a sonoridade deles. Mas acho que têm competência para encontrar. No primeiro disco a coisa ficou meio U2 agora está meio Smiths...
Gustavo - Gosto também do Clemente, dos Inocentes.
Marcelo - E do Lobão. Se o Raul é um gênio, Lobão é febril - 42" de febre o tempo todo. Nesse ponto acho até que a gente se identifica um pouco - no lance de não ser sócio de clube nenhum. Outro dia uma revista veio me convidar para fazer uma entrevista. Chamava HV. Éramos eu, Arnaldo, Renato Russo. Paulo Ricardo. Herbert Vianna... Liguei para lá. agradeci a lembrança do meu nome e disse: Primeiro. querida, eu não tenho saco para discutir constituinte do rock com ninguém!". Sim, porque juntar esse pessoal. você acha que é para o quê? "E. segundo", disse ainda. "eu já passei dos 30. Não faço parte da jovem-guarda!"

BIZZ - Em que ponto vocês acham que o público se identifica com vocês para que fizesse o Camisa estourar?
Marcelo - Acho que a honestidade que a gente passa na expressão, na postura. Acho que isso foi importante no Camisa e as pessoas ouviram, assimilaram e acreditaram. E pensaram: "Não importa que eles não apareçam toda semana no Chacrinha. Não importa que eles não apareçam no Fantástico toda hora. A gente acredita". É por aí.

BIZZ - Mas há bandas que têm essa característica de honestidade e não conseguiram tanto sucesso como vocês?
Marcelo - É talento!

BIZZ - Mas vocês atingem uma faixa que ainda está contaminada por deficiência educacional típica de um país subdesenvolvido, expressa, principalmente, em letras como "Silvia " e Bete Morreu - estupro, homem que pega no pau para bater na mulher e coisas do tipo?
Marcelo - Durante o show, que dura em média duas horas, rola praticamente o repertório inteiro do Camisa, sem distinção do sério, sacana.,. Mas existe um outro aspecto: as músicas do Camisa que atingiram maior execução de rádio não são as que têm unia conotação política, social etc... Agora, isso cabe aos programadores de rádio. Existe essa tendência da mídia em tocar o que parece ser mais engraçado ou o que tenha uma assimilação maior. Ninguém quer tocar no rádio, por exemplo. "Batalhões de Estranhos", que diz: "Observe e informe aos homens de uniforme. Eles chegam por via aérea, sentinelas de nossa miséria". Porque essa música fizemos na época da ditadura militar. Era muito mais interessante para a rádio, para não correr o risco de ficar visada por sei lá quem eles imaginam que possa estar observando... Então tocavam Joana D´Arc´´. Essa distinção é feita pela mídia. Para a gente tem os dois lados da coisa. E nunca nos preocupamos em dar ênfase àquele lado ou não.

BIZZ - O que vem a mente quando vocês ouvem a palavra política?
Gustavo -Cachorrada! Troca de interesses! Qual o político sério neste país? Não conheço nenhum. Vai nascer ainda.
Marcelo - O problema é que a face política do país é a mesma há décadas! Hoje o nosso presidente José Sarney se diz porta-voz de uma Nova República. Se nós não tivermos a memória muito curta, a gente vai ver que há dois anos este mesmo personagem era presidente do partido do governo, dos militares! E está muito engraçado. Um outdoor de Paulo Maluf metendo paranóia na cabeça da população: que precisa de segurança, que assassino tem de ir para campo de concentração. Quer dizer: isso é o quê´? É a paranóia de um povo subdesenvolvido culturalmente também. Então parece que a solução é a repressão, é a paranóia. é a porrada. Vai ter Rota rodando 24 horas por dia, todo mundo de metralhadora na mão. E essa é a base de uma campanha eleitoral para governador do maior Estado do país. E isso é tenebroso! Todo mundo sabe. O que aconteceu com o Abi-Ackel, pelo amor de Deus´? Contrabandista, provado. Ele está em cana? Está na detenção´?
Gustavo - E o próprio Figueiredo! Ele foi exilado´?
Marcelo - A saída de Figueiredo do poder foi dando uma banana para o povo. Esse é o nível político que se vê no país. E eu acho até que Maluf vai ganhar! Então, de repente. a gente tem de parar e dizer: "Cada povo tem o presidente. governo que merece". Mas, também. acho que a gente (povo) é muito ingênuo. Ingênuo demais.

Cabra cega 

"Bad Life", PiL
Robério - É Madonna.
Marcelo - Banda do Exército... (depois que entra o vocal) Esse é bom pra caramba. Mr, John Lydon. E PiL é uma das melhores coisas que rolam por aí. Trocou a coroa de rei dos punks para se tornar um artista sem compromisso com ninguém a não ser com si próprio. É um karma da porra ser rei dos punks. É o melhor! Faço coleção de camisetas do PiL.

"Malandragem Dá um Tempo", Bezerra da Silva
Aldo - Bezerra da Silva.
Marcelo - Matou ,porque era batuqueiro de afoxé. E aquela história da coerência - ele é coerente com o que faz. Se existissem dois Bezerra da Silva não existiria Lulu Santos. Mora no morro e faz o que é de lá.
Gustavo - Seja o que for, nem pagando eu ouço. Não suporto.
Marcelo - Não vou comprar para levar para casa e ouvir. Saco é ter 30 anos e dizer que "lá em casa continua o mesmo problema", como fazem muitas bandas por ai... "Vou apertar mas não vou acender" é genial. Se só tivesse rock ia ser tão chato! A gente ia fazer samba, pagode.

"Windswept", Bryan Ferry
Marcelo - Isso é profundo (irônico).
Gustavo - Aí eu gosto. Não sei nem quem está cantando, mas gosto da música.
Karl - Não gosto disso.
Aldo - Lembra Bryan Ferry.
Marcelo – É Bryan Ferry mesmo. Não é um cara que me bata. Manolo Otero demais. Nota 1 .5 para ele.
Karl - Topete era com Elvis Presley.
Marcelo - Ele deveria trabalhar na Fiorucci em vez de ficar empatando o tempo com a gente.
Robério - Parece musiquinha erótica do La Licorne.
Marcelo - Pelo menos ele tem uma certa história do Roxy Music.

"Flores Astrais", RPM
Marcelo - É ao vivo, mas não é o Camisa.
Karl - Para mim é de estúdio, com palmas.
Robério - "Isso é uma gravação.
Marcelo - O RPM é uma boa banda tecno-pop. E a única no gênero no Brasil que tem um texto decente. Essa música era dos Secos e Molhados, se não me engano.
Karl - Era do João Ricardo.
Marcelo - Eles fazem bem o que se propõem a fazer. Esse disco não parece ao vivo.
Karl - Disco ao vivo gravado em Los Angeles!

"The Antichrist", Slayer
Gustavo - Gosto de rock progressivo
Marcelo - Pode ser Black Sabbath, Metallica, Quiet Riot... É heavy. Não tem muito o que falar disso - é heavy.