Imagino que quem acompanha o Blog deva estar reclamando: outra vez? Mas isto é uma questão importante na minha vida, um divisor de águas, e por isso vou relatar parcialmente para não entediar o leitor a minha impressão, agora que acabei de ler o livro.
Mickey, o irmão mais novo (e único) de Joey, expõe suas vidas de maneira emocionante, relatando a infância sofrida de Joey, naquela época Jeffrey (seu nome verdadeiro), chamado carinhosamente Jeff, que por seus problemas de saúde que o castigaram durante toda a sua vida, era vítima de bullying e de toda sorte de covardia. Depois narra a adolescencia e a descoberta da paixão pelo rock, pela música que iria guiar suas histórias. A criação dos Ramones e sua evolução é tema de grande parte da narração, pondo fim a muitas lendas que circulavam no Brasil, que vai causar muita polêmica entre os fãs. Eles não eram a "happy family" que em nossa fantasia imaginávamos. O desfecho é tremendamente emocionante, quando eles se re-unem e se entendem, depois de anos de mal entendidos que os afastaram e fizeram com que sofressem.
Enquanto lia o livro, muitas vezes tive que parar, chorar, tive até taquicardia. Isso, porém, é coisa de alguém que teve como trilha sonora a voz de Joey, que ainda me acompanha no ringtone de todos os meus aparelhos. Saudade dos tempos alegres que curtia as músicas e até tocava, com os amigos, muitos que já estão aplaudindo Joey na eternidade, fantasias que ruiam quando ia devorando as páginas, decepção com muito do que já suspeitava com esta cabeça de paranormal doida que eu tenho, tristeza por perceber que tanta gente estuda psicologia, parapsicologia, fisioterapia, e até a psicopedagogia que eu achava solução para o ínício da vida das pessoas que, comprovado neste livro, pode arruinar a existencia inteira de alguém, e muitas vezes não conseguimos ajudar aqueles que mais amamos e de quem mais recebemos alegria, como ele, que jamais teve um profissional sequer destes em seu caminho.
Acho que já contei antes que, quando eles vieram a SP, graças ao grande Walcyr da Woodsctock, e já estavamindo embora, eu corri em volta da van gritando:
- Joey, I love you!
E nunca vou me esquecer de seu rosto, vermelho de vergonha, seu sorriso de dentes amarelados e tortos, que para mim era o homem mais lindo do mundo.
Depois, quando a van foi embora e virei pra trás, a galera toda me zoou por décadas.
Foi com estes olhos que li o livro. O da fã que tocava e cantava, principalmente Baby I love you, que levou anos para poder ouvir Dany says (que meus amigos cantavam Daisy says) sem ter ataque de choro.
Terminei de ler o livro com outros olhos. Mas com o coração ainda repleto de amor e de gratidão, agora também a seu irmão Mickey. Que vai continuar a ter uma menção especial em nossas preces para sempre.