Na época em que eu trabalhei com crianças, no final de ano, eu contava a história na hora do storytelling, e cada dia levava um componente do presépio para que eles colocassem na nativity scene (assim se chama o presépio). No dia de colocar o bebê, eles já estavam contando a história. E então eu pedia que todos juntassem seus dedinhos para apoiar o bebê e colocá-lo na manjedoura.
Acho que com a falta de magia, poesia, que cerca uma época em que só se fala em comprar (odeio shopping), a competição quem gastou mais é interminável, e não tem como compensar um ano de desaforo nem com um Porsche, ou um diamante, ou nada, é bom a criança saber que papai noel é lindinho, mas acreditar em alguém vindo ao mundo no meio da natureza, tendo por companhia os animais e as estrelas, além dos pastores (pessoas dedicadas aos animais) e reis magos (que diferença dos nossos políticos, que não iriam peregrinar nem no caminho de Santiago do Paulo Coelho), mesmo que isso tenha sido no tempo pré internet, precisava ser tão resgatado!
Cantei em corais em língua inglesa muitos anos, alguns em quatro ou cinco idiomas, as músicas populares do natal, em festas, reuniões de final de ano, espetáculos, hospitais... Nunca podia olhar as pessoas, que as vezes sentavam no chão para chorar.
Mas o que eu lembro hoje é do presépio. E da palavra presepada. Que tem origem nos antigos presépios em que as vaquinhas mexiam a cabeça em sinal de concordância. E de como tudo isso desvirtuou a história da minha infância. Que desserviço a poesia!
Mas, como dizia meu adorado profeta do apocalipse Joey Ramone, acompanhado de seus amigos de uma fidelidade canina:
"Merry Christmas, I don´t wanna fight tonight".
Aproveite este desenho, e se tiver sem fazer nada, copie no paint e cada dia pinte um pedaço, ou pinte com uma criança (pra disfarçar) e pense. De tão antigas, estas histórias devem ser as melhores.
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