Cá estamos mais parecendo ir ao Misfits que ao Green Day, os olhos azuis da Mel cercados de sombra glitter verde, parecendo uma elemental e eu a bruxa verde do show. Ainda no 7o. andar do Hotel Lancaster, depois de uma peregrinação pelos bairros de Porto Alegre. O dia que deveria ter tido umas 100 horas teve tão poucas, mas aproveitadas para conhecer a terra de Wander Wildner, sus Comancheros, que merecerá um post a parte, dos meus amados Tequila Babies, Bide o Balde, Humberto Gessinger, Astronauta Pingüim e o maior ídolo: Mário Quintana!
O show foi tudo que esperávamos e mais um pouco! Depois de muita música chata, mandaram YMCA, e Rock´n roll radio, aí começou o delírio! Parecia que o mundo tinha parado ali e estava mergulhada nas minhas canções favoritas, nós duas nos descabelando, pulando, insanas, cercadas de gente como nós, mas nem sempre. Tive que sair na porrada com uma jeca que chamarei de supernanny pink e veio crescer pra cima da Mel. Eu já tinha derramado litros de água gelada nela no agito pra ver se parava de encher o saco porque queria organizar o pogo pra ninguém encostar em sua podre figura. Oh, karma ingrato! Mas isso durou segundos em que um cavalheiro punk retirou a criatura anacrônica dali. e Billy Joe vinha pertinho com seus magníficos olhos verdes como os meus já foram um dia.
foto gentilmente cedida pelo BJ cover O que teve de explosão! Meu! Foi um descarrego! Uma cerimônia, uma celebração de vida, energia, choro e ranger de dentes!
Teve tudo, desde o Pink Bunny, BJ gritando emocionado logo no começo:
- O H M Y GOOOD B R A Z I L!!!!!
num verdadeiro orgasmo!
Ele chegou a dizer
- We, Green Day, are not from California!
W E A R E B R A Z I L I A N!!!
Ele levou fãs ao palco, deu o microfone pra vários cantarem, exorcisou um garoto chamado Mateus, deu a guitarra pra uma menina que ele mandou cantar Longview ! Beijou todo mundo na boca, até um cara!
Ele dava aquelas viradas de olho magníficas que dava pra ver da última fila! Tré Cool também detonou, sem falar nas palhaçadas! Mike Dirnt vinha sempre pro nosso lado!
Tocou uma porção de old school:
Burnout, Geek Stink Breath, Going to Pasalacqua e 2,000 Lightyears Away, When I Come Around, She, Basket Case (a que melhor me descreve), e depois ainda fez uma salada com o começo de paranoid (SABBATH), tocou um pedaço de rock´n roll do Led Zeppelin , o que me revoltou porque com tantas músicas deles que poderiam tocar, me mandam estes bolores, deitados no chão break out through do The Doors, satisfaction dos Stones, e um pedaço de Hey Jude.
As boas fotos em slideshow estão aqui:
Primeira vez que levo minha filha num show grande, e foi com muita emoção que a vi chorando no 21 guns e me dizendo:
- Mom, this is the best day of my life!
Minha vez de chorar foi já depois de 2 horas de show quando ele começou
It´s something unpredictable/but in the end is right/I hope you had the time of your life! (de Good Riddance)
Vi minha vida inteira passar nos primeiros versos que cantava enquanto sentia que podia morrer de felicidade ali mesmo que estaria tudo bem, experimentando uma paz tamanha que me lembrou o Dalai Lama e o Buda.
É, eu cheguei a conclusão com este show que estou mesmo de hora extra!
Depois de dormir as 3 horas regulamentares, saí pra conhecer o lugar mais esperado da viagem: a casa do poeta!
(não, não foi a casa do poeta Wander Wildner). O quarto do amado Mário Quintana.
esta foto é emprestada já que a emoção me fez tirar fotos horripilantes, que o fariam compor mais para os apontamentos de estória sobrenatural.
Neste espaço mágico parece que ele vemn a qualque momento acender uma das pontas de cigarro do cinzeiro, tomar um gole de café ou morder um pedacinho de quidin! A máquina de escrever, todos estes objetos que tiveram o prazer de servir a tão mágico ser, que se sacrificou a ficar neste mundo tão cruel e desumano, dourando, iluminando tudo de azul e e sorrindo!
Eu não sou eu, sou o momento: passo.
Era tão genial quanto alguém já pode ser.
Tive que deixar este espaço antes do que gostaria já que o embarque se aproximava e a Me ainda estava desmaiada no hotel. Não sem antes de chegar ali ter rodado o centro antigo de Porto Alegre, sem ter trazido uma roupa casual, provocando espanto nos trabalhadores matinais com o figurino urubú filmando e fotografando prédios históricos, parada durante longo tempo em busca do melhor ângulo. O lado que não tinha visto no dia anterior que consegui fazer render tendo visitado 5 lugares diferentes. Desta vez não discuti com nenhum nego véio (modo de falar dos gaúchos mais old schoolers) como anos atrás, todos nos trataram com uma atenção de dar inveja à banda, mas não consegui o meu doce de gila (uma planta local).
Voltei ao hotel e enquanto arrumava a mala, cantando (baixo) as músicas do Tequila (tadinhos dos hóspedes), me despedia de uma Porto Alegre mudada, maior, diferente, nada ingenua como a de antes, em que pouco ou quase nada restou da estadia de Joey Ramone e seus fiéis companheiros.
Parecia que a cada esquina surgiria algum dos meus ídolos gaúchos. Que eu os encontraria numa mesinha na caçada, fazendo um brinde ao me ver com um copo de suco de laranja. Ou que um deles estaria encostado a uma árvore que estava no caminho, a salvo do sol inusitado que levei pra lá, presente do meu mundo particular aqui das montanhas. Ah, e no ''alto da montanha, no arranha céu'', alguém apareceria. E eu, indo ''pela sombra e pelo sol'', cantando e recitando versos com a Mel pra surpresa dos gentis habitantes nas cercanias do centro que desconhecem esta raça de autistas a qual pertencemos, ''ouvindo pampa no walkman'' na verdade hoje um telefone, cheiros, cores, sabores e lembraças de uma Porto Alegre cada vez mais parecida com a São Paulo da minha infância.
Sem condições de ir visitar Alegrete pois teríamos que voltar do nosso feriado particular ''a vida real'', deixamos POA em baixo de uma chuva fina, fria, já sem saudade. Mas sentindo falta do meu retiro alpino, do silêncio em ''que por mais que a gente grite'' é sempre maior.