Decidi compartilhar este artigo que me enviaram após eu passar mal ontem e ir baixar no hospital após ter um pesadelo com inimigos que já deletei da minha vida.
10. Obsessão de Encarnado para Desencarnado e de Encarnado para Encarnado
A obsessão não ocorre somente do desencarnado para o encarnado, ela pode também partir do encarnado.
Muitos irmãos que ainda se encontram no corpo físico podem se vincular de tal forma a espíritos desencarnados que passam a exigir sua presença. O espírito desencarnado pode então entrar em desequilíbrio e a atração chega a um ponto onde não sabemos quem é a vítima e quem é o verdugo...
No livro Nos Domínios da Mediunidade temos um ótimo exemplo:
"Alcançáramos o leito simples em que Libério, de olhar esgazeado, se mostrava distante de qualquer interesse pela nossa presença.
Enxergava-nos, impassível.
Exibia o semblante dos loucos, quando transfigurados por ocultas flagelações.
Um dos guardas veio até nós e comunicou a Abelardo que o doente trazido à internação denotava crescente angústia.
Aulus auscultou-o, paternalmente, e, em seguida, informou:
- O pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. E’ um caso de perseguição recíproca. Os benefícios recolhidos no grupo estão agora eclipsados pelas sugestões arremessadas de longe.
- Temos então aqui - aleguei - um símile perfeito do que verificamos comumente na Terra, nos setores da mediunidade torturada. Médiuns existem que, aliviados dos vexames que recebem por parte de entidades inferiores, depressa como que lhes reclamam a presença, religando-se a elas automaticamente, embora o nosso mais sadio propósito de libertá-los.
- Sim - aprovou o orientador -, enquanto não lhes modificamos as disposições espirituais, favorecendo-lhes a criação de novos pensamentos, jazem no regime da escravidão mútua, em que obsessores e obsidiados se nutrem das emanações uns dos outros. Temem a separação, pelos hábitos cristalizados em que se associam, segundo os princípios da afinidade, e daí surgem os impedimentos para a dupla recuperação que lhes desejamos.
O doente fizera-se mais angustiado, mais pálido.
Parecia registrar uma tempestade interior, pavorosa e incoercível.
- Tudo indica a vizinhança da irmã que se lhe apoderou da mente. Nosso companheiro se revela mais dominado, mais aflito...
Mal acabara o orientador de formular o seu prognóstico e a pobre mulher, desligada do corpo físico pela atuação do sono, apareceu à nossa frente, reclamando feroz:
- Libório! Libório! por que te ausentaste? Não me abandones! Regressemos para nossa casa! Atende, atende!...
- Que vemos? - exclamou Hilário, intrigado.
- Não será esta a criatura que o serviço desta noite pretende isolar das más influências?
E porque o orientador respondesse de modo afirmativo, meu colega continuou:
- Deus de bondade! mas não está ela interessada no reajustamento da própria saúde? não roga socorro à instituição que freqUenta?
- Isso é o que ela julga querer - explicou Aulus, cuidadoso -, entretanto, no íntimo, alimenta-se com os fluidos enfermiços do companheiro desencarnado e apega-se a ele, instintivamente. Milhares de pessoas são assim. Registram doenças de variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o menor esforço. Dizem-se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando sintomas e impressões com que evocam as enfermidades a se exprimirem, de novo, em diferentes manifestações, auxiliando-as a cultivar a posição de vítimas, na qual se comprazem. Isso acontece na maioria dos fenômenos de obsessão. Encarnados e desencarnados se prendem uns aos outros, sob vigorosa fascinação mútua, até que o centro de vida mental se lhes altere. É por esse motivo que, em muitas ocasiões, as dores maiores são chamadas a funcionar sobre as dores menores, com o objetivo de acordar as almas viciadas nesse gênero de trocas inferiores.
A esse tempo, a recém-chegada conseguira abeirar-se mais intimamente de Libório, que passou a demonstrar visível satisfação. Sorria ele agora à maneira de uma criança contente.
Identificando, porém, a presença de Dona Celina, a infeliz bradou, colérica:
- Quem é esta mulher? dize! dize!...
Nossa abnegada amiga avançou para ela com simplicidade e implorou:
- Minha irmã, acalme-se! Libório está fatigado, enfermo! Ajudemo-lo a repousar!...
A interlocutora não lhe suportou o olhar doce e benigno e, longe de reconhecer a prestimosa médium do grupo a que se associara, enceguecida de ciúme, gritou para o enfermo palavras amargas, que não seria licito reproduzir, e abandonou o recinto, em desabalada carreira.
Libório mostrou evidente contrariedade. Áulus, contudo, aplicou-lhe passes, restituindo-lhe a calma.
Em seguida, o Assistente nos disse, amorável:
- Como vemos, a Bondade Divina é tão grande que até os nossos sentimentos menos dignos são aproveitados em nossa própria defesa. O despeito da visitante, encontrando Celina junto do enfermo, dar-nos-á tréguas valiosas, de vez que teremos algum tempo para auxiliá-lo nas reflexões necessárias. Quando acordar no corpo carnal, pela manhã, nossa pobre amiga lembrar-se-á vagamente de haver sonhado com Libório, ao lado de uma companheira, pintando um quadro de impressões a seu bel-prazer, porqüanto cada mente vê nos outros aquilo que traz em si mesma.
Abelardo estava satisfeito. Acariciava o doente, antevendo-lhe as melhoras.
Hilário, semi-espantado, considerou:
- O que me assombra é reconhecer o serviço incessante por toda a parte. Na vigilia e no sono, na vida e na morte..."
Também existe a obsessão entre encarnados. Esta pode ocorrer durante a vigília e também durante o sono físico.
A causa de tais perseguições podem variar entre paixão não correspondida, vingança, inveja e até ciúme.
Resumo da Ópera:
Cuidado até quando sentir pena de alguém, por mais que a pessoa não mereça!