quinta-feira, 6 de março de 2014

Sobre psychocarnival, zombie walk carnavalesca e fins afins

Muitos ignoram que um grupo que antes foi pequeno, mas ruidoso que só, conquistou outras minorias pelo Brasil afora e até pelo mundo, oferece alternativa àqueles que não suportam toda aquela hipocrisia e pornografia escancarada que é o carnaval.
Esta alternativa, pra mim, desde que descobri em meados dos anos 1990 a cidade de Curitiba e, supreendentemente, uma micro cena (naquela época) undergound, é o Psychocarnival. Este ano, a 15º edição do festival Psycho Carnival teve dois momentos: um no Jokers Pub e outro no rock carnaval, organizado surpreendente pela mesma prefeitura que proibiu que o Misfits se apresentasse na cidade. As atrações nacionais foram nada mais, nada menos que  KráppulasSick Sick SinnersCrazy HorsesThe Brown Vampire Catz e Ovos Presley (que acabou não tocando por um malfadado acidente - na minha opinião, macumba). As internacionais: Salidos de La Cripta, da Colômbia e as austríacasBurning Aces e Anal Destination.

http://www.youtube.com/watch?v=3VGgcXTOkyA&list=UUVo5eSyTqwE-RLea0AWCw3Q&feature=c4-overview

Na seção que seria gratuita e evento aberto (o que não aconteceu e resultou até em facadas) teve as atrações Beijo AA Força,Pelebrói Não SeiHillbilly RawhideMotorockerCadela Maldita Mystery TrioDiablo Fuck Show (Porto Alegre), Camarones Orquestra Guitarrística (Natal),King Kurt e The Sharks (Inglaterra) e The Mullet Monster Mafia (Piracicaba).

http://www.youtube.com/watch?v=IHQRRpL-0sc

Como o blog é meu e eu falo do que eu quiser, tenho que reconhecer que todos fizeram os shows mais incríveis, mas, como já estou há anos no bico do corvo e morrendo uma morte muito lenta, - os ocasionais seguidores já leram - mas com períodos de melhoria, consegui assistir uma noite toda, que tinha exatamente uma banda que orquestrou grandes momentos desta vida pregressa, por um acaso, muitos dos piores, mas a culpa não é de ninguém. Viver é alto risco, e eu sempre corri. Pago o preço. E não me arrependo de pelo menos 20% das minhas decisões.

Quando me mudei pra Curitiba, o que ocorreu gradativamente até oficializar nos início do 21st century breakdown, a minha paixão eram os Ovos Presley. Apesar de já existir o Pelebroi, eu, burramente, acreditava num bando de zé inveja que dizia que eles e o No Milk Today, Relespública, Tetris, Magaivers, Faicheclairs, etc... eram uma panelinha de mimimi mimimi mimimi. O tempo mostrou que era o contrário. Hoje estas mesmas pessoas estão na fila do gargarejo de seus shows, alguns dublês de jornalantas.

http://www.youtube.com/watch?v=nNKJz2AO47U&list=UUVo5eSyTqwE-RLea0AWCw3Q&feature=c4-overview

A Wild GardenJá falei aqui do meu grande amor pelo No Milk, então esta edição será dedicada a favorita da minha primeira filha, dos meus ''enteados'' e de músicas que sempre fizeram parte do nosso dia a dia. Uma coisa que a gente não escolhe, ela acontece. Fiquei lembrando da Curitiba fria enquanto derretia a fantasia de zumbi numa multidão da Zombie Walk (no começo eram poucos gatos pingados e a população xingava um monte). Quase nem entro de tanta gente, mas, acabei cabendo lá dentro depois de horas de espera.

Até que após um mega show do Cadela Maldita

http://www.youtube.com/watch?v=nEZ-BB_igys

que me lembrou a primeira vinda do Slayer, lá vieram os primeiros acordes do que seria um show em que consegui me manter de pé o tempo todo e ainda bangear como nos tempos do Michael.
Eu já fiz uma entrevista nos tempos do falecido E-zine da cooperativa nacional de zineiros, e do projeto fracassado blá blá blá e é com esta que começo:

http://www.youtube.com/watch?v=nNKJz2AO47U&list=UUVo5eSyTqwE-RLea0AWCw3Q&feature=c4-overview

Fiquei ali ouvindo aquelas músicas e lembrando da minha filha mais nova pequenininha, da loucura que me deu pelo meu marido e de tanta doidice que fiz em nome de um amor doente e incompreendido (coitado) que dura até agora de minha parte pelo menos, mas, nós, os escritores, somos, como diz o Lewd, obscuros, de mente sub-reptícia. 
E se às vezes a gente consegue o que quer em todo ou em parte, é estranho olhar pra trás. E naquela montanha de gente num lugar em que até os New Yorkers que aparecem pra tocar são enxotados e roqueiro é tido como lixo, fiquei me sentindo que tinha ido ao lugar errado, mas o som tava certo e tava valendo.
Começaram com a maravilhosa Teddy Holiday Club que é a cara do festival. Parecia que eu estava abrindo de novo os cds Positivamente Mórbido e o Lágrimas Alcoólicas.

http://www.youtube.com/watch?v=JMoDl9_7TMc&list=UUVo5eSyTqwE-RLea0AWCw3Q&feature=c4-overview
Quando tocaram Céu sem cor, a mais conhecida, e por isso uma da que eu menos ouvia, embora tenha feito umas mil paródias como faço com tudo que ouço, chorei e ri muito, porque ali se encerrava um capítulo importante da nossa saga com chave de ouro sonora. Quem diria que ao contrário de ''tudo é tão legal, basta não sonhar'' não fosse virar inscrição na minha urna e sim ''tudo que era alegria hoje é um céu sem cor'' poder virar uma tatuagem. Somos Assim encerrou este, que deve ser o último show a que consegui assistir (em pé pelo menos e alive and kicking). Obrigada, de coração, a esta banda, cujas músicas me acompanharam em tantos momentos terríveis em que eu esgoelava as frases, cortava o dedo em corda de aço, e aliviava a alma. Obrigada por terem criado estas músicas.
As facadas, surpreendentemente, desta vez não foram em mim. E garotos, seus pais, crianças e bebês se juntaram numa celebração do que é o rock. Isso é rock. And roll.


É, o inferno pode congelar. Curitiba não é mais curitiba. Eu fui embora e comigo, foram nas, célebres palavras do No Milk Today, voltaram ''pra sua cova, geração maldita, que um mundo viciado em futuro nos deixou''.



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