Tem coisa mais gostosa que pegar uma mochila, jogar no banco de trás, sintonizar um rádio local e rodar pela estrada? Tem, claro, bem poucas coisas. E geralmente elas estão no destino destas incursões.
Detination: Guaramirim
Calma Dedé! Não é só de parques aquáticos, natureza e a proximidade das praias e cachoeiras que torna este lugar um heaven on earth (céu na terra), também tem o:
Lugar mais ecologicamente correto, construído em pleno meio ambiente, paredes de taquara (me corrijam se o nome for outro), ar livre e astral pra lá de mágico! Elemental mesmo.
Estava procurando o lugar debaixo de uma tempestade, em ruas escuras, acabei passando perto por trêz vezes, até que um destes catarinenses atenciosos e amigos me guiou até lá como se eu fosse a Madonna visitando a cidade (este povo não existe!). Era até fácil achar se não fizesse um temporal daqueles. Por isso saí adiasntada, cheguei hiper cedo e dei de cara com a passagem de som.
Outro dia já comentei que meu karma deu sinais de melhoria, e ali isto pode ser científicamente provado; entrei e assisti na boa. Consegui até ingresso com preço de antecipado!!!!! Paradise City!
Fui chegando devagar igual meus gatos quando querem entrar em gaveta, quando ele já tinha terminado, já tinha conferido no celular, e estava ali sentado, aparentando estar calminho, calminho. Bem zen. Ousadia só justificada por estar sempre vivendo comum gosto de adeus, sabendo que cada vez que faço alguma coisa, deve ser a última.
Uma tradição local é este maluco beleza que sempre planta bananeira nos shows (foto de arquivo cedida gentilmente por Rodrigo). E não é que uma das primeiras pessoas que conversou comigo foi bem ele?
Me disse que a banda de abertura (que eu curti demais, com uma pegada grunge que me deu saudade daquelas músicas, algumas meio metal mas mais pesadão, muito boa mesmo) se chama Fly-X, eu entendi Flying Eggs que fiquei procurando até alguém desfazer a confusão.
Wander primeiro tocou sozinho. Depois com a banda Da Caverna que trouxe até boneca inflável. As minhas fotos eu jamais vou saber como ficaram. No outro show do Wander a filmadora caiu e deu perda total. Neste, caiu o cartão de memória no meio do pogo! Eita inzica! Quando achar da galera posto aqui.
esta é aprimeira, do Stenio:
Para acompanhá-la, a frase do mestre: nem o fogo pode nos parar, pelo contrário, ele nos alimenta. Ele se referia a um incêndio no mínimo estranho ocorrido naquele pedaço de paraíso.
O set list foi mais ou menos este:
Mantra - Sandina - Eu não consigo - Tem sido um longo e frio inverno....- Um bom motivo - Bebendo vinho - Rodando el mundo - Lonely Boy - Empregada - Amigo punk - Uste - Camiseta - On the road
Como sou impossível de ser contentada, vivo cantando a parte da Kate no Candy junto com ele no CD, jamais o vi tocar Without you, pra mim faltou esta e aquela música, mas super valeu.
Parabéns pra produtora do Nereu Rock, valeu a pena patinar na lama do lado de fora (ecologia também tem desta) com o maior cuidado pra não entrar (e nem sair!) com le busanfan enlameado, e por ficar com o carro parecendo ter saído do Rally. Imaginava uma briga ali e ficava roxa de rir. Mas pra quem pegou virose no Rock´n Rio, aquilo ali era o micro Woodstock catarinense.
O povo delirou durante o tempo todo, compartilhamos da mesma felicidade! O som de Wander vicia. E nunca vai ser suficiente. Destaque pro cara plantando bananeira no meio da música "Eu não consigo",
pra meu desespero , com medo dele acertar o pé nele, e ele terminando a música rachando o bico "Eu vou plantar/uma bananeira/Eu sou um plantador/de bananeira". Acho que homenagem igual a esta ele nunca mais vai receber na vida.
E ali, por um minuto que não teve sessenta segundos, mas durou um minutinho só, conversei com o Mestre.
- Oi! Lembra que eu te entrevistei em SP há muitos anos? (*)
- Lembro!
-Então, eu queria te fazer umas perguntinhas pro blog depois.
- Ah, faça agora mesmo.
- É que eu não sabia que como chegar, vim cedo e dar esta patcha sorte de pegar a passagem de som! Estou sem baterias, só mais tarde elas vão estar carregadas.
- Ah, mas aí tem que cobrar ingresso mais caro pra passagem de som - respondeu ele brincando, fingindo que o cara atrás de mim ia me cobrar.
- Pode cobrar qualquer preço!
-Mais tarde não dá.
- Bom vou perguntar agora e o que gravar no meu HD cerebral já defasado vai pro blog. Como é que foi a sua South American Tour?
- Não teve tour, eu só fui até Buenos Aires.
- Ah, mas então! E sobreviveu! (*)
- Eu gostei, vou voltar lá.
-Bom, também você já tem fãs ali.
-Não, não tinha (**)
- E o que você sentiu da cena ali, tem cena underground?
- Se tem eu não sei. Eu ouvi muito tango. Gostei de todo aquele tango.O rock ali é o mesmo rock americano só que cantado em espanhol.
-Então podemos esperar um tango punk brega no próximo CD?
-Não. Mas foi uma experiência interessante conhecer os tangos.
Neste exato momento em que eu queria perguntar sobre o show lá, ele foi chamado e lá se foi.
Mais tarde veio o show e o resto é história.
(*)Ah tá!
(*) Quando viajei pra lá não aguentava. Muito frio, povo muito racista, odiavam brasileiros, pensavam que eu era americana porque fui com amigos yankes, quando eu dizia que era brasileira só faltavam me pisotear. E eu tenho amigos argentinos aqui no Brasil que são maravilhosos! Foi um desgosto. O vinil da época era todo traduzido, o Smoke on the water (naquela época já uma antiguidade) do Deep Purple vinha escrito no selo "Humo en el aqua".
(**) Pra nós, o mundo inteiro o adora e idolatra incondicionalmente! Por isso a afirmação no mínimo engraçada pra ele, que sorriu.
Este show deve ter sido o último pra mim e foi uma farewell party, provavelmente, então super hiper mega valeu a pena.