Falar do NOG, como era chamado carinhosamente nos tempos em que tive a felicidade de me reunir periodicamente com ele, José Salles, Cecília Fidelli, Laerçon e companhia, seria uma puxação de saco sem fim, por isso clonei o artigo da primeira enciclopédia de fanzines
na qual alguns não figuram porque seu autor, quando contatado por nossos amigos e parceiros de fanzine - desesperados por holofotes da fama do qual se julgam merecedores; não mencionaram que existia muito mais que suas obras de arte davicianas e filosóficas e críticas tanto quanto as de Marx e Engels.
Mesmo assim, por um vacilo incrível do destino, lá está o irriquieto e genial NOG, que desde os anos 70, quando era chamado de Cidinho pelos amigos do Made in Brazil (banda pioneira do rock nacional), já criava seus poemas, roteiros, desenhava e além disso era tremendamente carismático, mesmo com uma história pessoal tão trágica que só empataria com a minha que é a pior de todas de todos os tempos. Tive a honra de participar com ele de alguns filmes B do Salles (além de escritora, fui atriz de teatro amador e filmes thrash paulistanos), quando nos divertimos imensamente, num deles até a Cecília e o Laerçon foram.
É escritor, poeta, criador de personagens (“Bangerlongo”, “Dick and Pussy” e “As Camisinhas Falantes”) e o primeiro fanzinista a editar em fita cassete e VHS.
Foi por volta de 1977 que começou a ver que os fanzines é a mais democrática forma de expressão. E, como não podera deixar de ser, desde então, tem publicado suas idéias e as de alguns amigos e colaboradores, desde as suas variadas influências musicais à mais contundente crônica do cotidiano.
Nasceram, em parceria com Sílvio Passos: Outlaws (Fora-da-Lei), Demon & Wizards (homenagem à banda “Uriah Heep”), Pirata (microjornal) e Newspop (década de 1970); Metamorfose, com Sílvio Passos (publicação oficial do “Raul Rock Club”, fã-clube de Raul seixas), na década de 1980; Johnny B. Good Zine, Banger B. Good Especial (com uma HQ da personagem “Bangerlongo” - espelho da mutável personalidade humana, cujas formas e estilos que encarnava de pessoas queridas eram uma homenagem à genialidade e à loucura de cada um), o consagrado Delírio-Cotidiano Zine (quase três dúzias de edições), Na Veia, Sem Anestesia Zine (os números 16 e 17 foram editados num único fanzine, com duas capas), Rock-On Zine, Blues Press, Delírio-Áudio-Zine (em fita cassete), contendo entrevistas, divulgação de espetáculos, lançamentos diversos, zines, demos etc., Arquivo Geral Vídeo Zine (em VHS, relançado em 2001), na década de 1990; Dick and Pussy HQ Zine, Rima Negras e Poeróticas, com Eduardo Manzano, Heavy Metal, com Reginaldo Leme, na década de 2000.
Editor compulsivo, já participou de dezenas de fanzines de terceiros, como: Marsupial, Boca Suja, Lady of Me Flowers, Tom Zine, Informativo Cultural Pop e Anta Comics, além dos curtas-metragens: “Maconheiros” (40 min.) e “Os Reacionários” (40 min.), de “Daddy Inc. S/A.
Foi editor de Blues & Rhythms Magazines (Editora Abraxas, 1996). Na sua incansável luta pelos caminhos fanzinísticos, foi um dos organizadores da “II Mostra Internacional de Fanzines”, na Livraria Futuro Infinito, de São Paulo-SP, em no mês de julho de 2000.
É, também, conhecido como Zinerman.
Fica registrada aqui a eterna lembrança do meu querido amigo José Aparecido Nogueira, do qual há muito não temos qualquer notícia. Lembro de um episódio em que mesmo à distância gerou incríveis gargalhadas: eu me mudei de São Paulo para uma cidade pequena e bem isolada não só geográfica mas culturalmente do resto da humanidade. Ali pra acabar de endireitar, ainda escolhi uma casa na região metropolitana, num matão de meu Deus, mesmo a 5 minutos do centro da capital daquele estado. NOG me mandou a famosa carta social, que usávamos no tempo do zine e com os e-mails engatinhando, eu tinha mas a maioria não queria nem ouvir falar em internet. Esta carta levava um selo de um centavo devidamente lambuzado de cola. O gerente do correio me mandou uma intimação para comparecimento e me deixou abaixo de cocô de cahorro do bandido dizendo que não ia admitir uma pessoa como eu utilizando o sagrado serviço postal brasileiro para tais fins. E como eu rasguei o verbo ciando a legislação (ele não sabia do esquema da cola pra reaproveitamento por pura molecagem) ameaçou me mandar para a cadeia da delegacia local. Aí é que veio o inusitado: como não havia cela, construiram uma espécie de jaula onde os detidos ficavam. E eu quase ia parar lá por amor ao amigo amissíssimo NOG!
O Nogueira é uma das grande figuras da cena zineira do paìs, pena que deu essa sumida.
ResponderExcluirEssa historia que você contou sobre o selo social só mostra como "eramos" perseguidos e sem nem um tipo de apoio.
É, e eu correndo riscos que pelo NOG, você e poucos valeu a pena - mas por muitos que se aproveitaram da internet pra me massacrar mais que o antagonista do Karatê Kid kung fu com Jaden Smith trilha-sonora-do-Justin (perdoe-me a macunaímice mas não resisto)...
ResponderExcluirAqui estou de volta se alguém algum dia cair nesta página. Descobri! A solução do mistério. Muito tempo passou e eu fazendo todas as vibrações positivas possíveis por um ''amigo'' que o tempo todo que cheguei a pensar que estava até no plano espiritual, estava agregado aos espíritos de porco dos meus agressores rindo muito do meu infortúnio. Vá, seja feliz enquanto for útil, só não venha chorar depois que te espremerem até secar.
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