Winter Bastos por ele mesmo:
Editor do fanzine O Berro (Caixa Postal 100050, Niterói, RJ, Brasil, CEP 24020-971, o.berro@hotmail.com) e do blog Expressão Liberta (www.expressaoliberta.blogspot.com). Autor dos livros "Um Ano de Berro: 365 dias de Fúria" (junto com Fabio Barbosa e Alexandre Mendes, publicado pela Editora Independente - Brasília/DF em 2010) e "Malandragem, Revolta e Anarquia: João Antônio, Antônio Fraga e Lima Barreto" (com Nalini Narayan, publicado pela Editora Achiamé - Rio de Janeiro/RJ em 2005).
Sua experiência em comunidades:
Conheci moradores de ocupações urbanas ao prestar certo apoio a essas importantes iniciativas populares na luta por habitação digna. Vejo que, hoje em dia, o governo e a mídia burguesa chamam as favelas de “comunidades” (de uma maneira hipócrita e eufemística), mas – ao mesmo tempo – apóiam políticas repressoras em relação aos pobres. Fingem não ver que, como dizia o saudoso sambista Bezerra da Silva: “A favela é um problema social”. Pra mim, é importante as pessoas passarem a viver de uma maneira realmente comunitária e justa, bem distante dos valores disseminados por essa mídia demagógica que finge ser a favor do pobre. Viver “em comunidade” é viver comunitariamente, solidariamente, longe dos valores capitalistas promovidos pela Globo, SBT, Record e outras porcarias.
Ativismo para você:
Ativismo é ser ativo, atuante, agir, viver. É a recusa da passividade. Ativismo não é para “os ativistas”, mas sim para todas as pessoas. Todos temos capacidade de tomar em nossas mãos tudo que diz respeito a nossa vida, diretamente, sem precisar da intermediação de políticos ou líderes. Todos podemos nos unir em associações de moradores, sindicatos, movimentos sociais. Não devemos deixar que aproveitadores ocupem esses espaços em nosso lugar.
A internet é um espaço que no Brasil privilegia mais o banal e fútil em detrimento do cultural, quais as alternativas para melhorar este quadro?
Não tenho uma resposta cabal ou geral para essa pergunta. Talvez uma alternativa individual seja abandonar ferramentas como Orkut, Twitter, Facebook, Badoo etc. e optar pelo uso apenas de e-mail e blogs, como formas de integração via internet. Muita gente passa horas na frente de um Orkut, por exemplo, e, no final das contas, não produziu absolutamente nada. Blogs e e-mail, por outro lado, nos levam a escrever textos longos e ler mais também, o que é bastante saudável. Como nosso tempo não é infinito, talvez seja melhor não usá-lo nas chamadas “redes sociais”, para termos mais momentos para atividades ligadas à cultura teatral, cinematográfica, literária, a fanzines e blogs. Agora, é claro que o bom mesmo seria buscarmos soluções coletivas para divulgar cultura, e não somente recorrermos a atos isolados.
O que podemos excluir do cotidiano em função de melhorar a sociedade?
Podemos deixar de jogar lixo nas ruas, deixar de alimentar os pombos das cidades, deixar de ver programas de TV emburrecedores como Big Brother Brasil, que promovem competição, ganância, mercantilização do sexo... Aliás, será se não seria melhor excluir a TV como um todo? Há tantas outras coisas boas pra se fazer tais como: ler, escrever, namorar, ouvir música, conversar com amigos, criar zines e blogs...
Como você vê a juventude atual, os envelhecentes (pessoas com 35, 40, 50 e mais que ainda agem como crianças de 3 anos), a hipnose do globismo...
As pessoas, em geral, estão mais do que infantilizadas, estão idiotizadas pela mídia, pelo serviço militar obrigatório (que faz lavagem cerebral nos jovens durante um ano inteiro) e por um sistema educacional alienante... Dia desses li, num blog, meu amigo Alexandre Mendes se queixar de que o filho foi induzido a fazer uma brincadeira em homenagem a Obama, bem na aula de Educação Física. Ora, como é que as pessoas vão adquirir consciência, se – desde a escola – são direcionadas à subserviência. A submissão em que as pessoas parecem estar submersas hoje me parece fruto de tudo isso.
Deixe um parágrafo para reflexão:
Você que está lendo esta entrevista também pode fazer um blog. É fácil. Eu mesmo não entendo chongas de Informática e mesmo assim consegui. Nada lhe obriga a ficar vendo TV. Você tem capacidade de ler bons livros (qualquer um tem). Querem fazer você acreditar que não pode criar nada. É mentira! Cada um de nós pode ter seu próprio veículo de comunicação. Para provar isso, aí estão os fanzines: publicações artesanais que podem ser feitas num computador com impressora (até uma antiga matricial) ou numa máquina de escrever velha, ou até mesmo a mão, e depois reproduzidas numa fotocopiadora. Dá para vender exemplares do fanzine e usar o dinheiro para tirar mais cópias. A gente não precisa mesmo ficar lendo a mídia burguesa e engolindo suas mentiras, vulgaridades e idiotices. Que tal prestigiar a imprensa popular, alternativa, sindical ou comunitária? Que tal você mesmo ser a mídia?
Melhor que isso? Só seguindo o
rebococaido.blogspot.com e se mantendo atualizado!
Melhor que isso? Só seguindo o
rebococaido.blogspot.com e se mantendo atualizado!
Winter é compnheiro de longa data e já passamos diversas épocas juntos. Fica até difícil falar sobre o cara, mas lendo essa postagem já dá para ter uma idéia.
ResponderExcluirParafraseando o cara: "Que tal você mesmo ser a mídia?"