Glauco: "esqueçam meus lábios risonhos"!

É o cúmulo do apocalipse!

O destino costuma caprichar na sua crueldade. Ultimamente, acho que o Sr. Destino andou fazendo aqueles terríveis treinamentos de otimização. E está no auge da sua competência irrepreensível. Só que é a serviço do extermínio de tudo de bom e positivo que andava aqui por baixo. Aliás, acho que os níveis tão bem catalogados por Dante Alighieri mudaram: o inferno subiu para o Brasil, o umbral para fora da galáxia, o purgatório então... A perder de vista! Imagine o paraíso! 

Estava eu na estrada quase dormindo ao volante atrás de um caminhão, subindo por uma montanha verde, cercada de pastos, devagar quase parando. Foi o que me salvou de um trágico acidente quando, pouco depois de zapear e encontrar a Band news recebo a notícia da morte estúpida e brutal de Glauco e seu filho Raoni.

Ele foi um cara tão genial, e como todo gênio era simples, acessível, mas tão gente fina, que nos meus áureos tempos hardcore fanzinísticos, quando os recém matriculados universíotários moviam uma guerra ao underground no afã enlatar a arte, ele respondia nossas (então) cartas e muitas vezes participava dos nossos workshops e eventos no país inteiro.

O vazio que você deixa, querido Glauco, tão amado país e talvez mundo afora, jamais será totalmente, quiçá parcialmente, preenchido. Somos todos bois neste enorme matadouro em que se transformou nosso país, reino dos "dimenor" a serviço dos "dimaior" que nadam em "psicinas cheias de ratos", ratos invisíveis a olho nú, é verdade, mas tão gritantes aos olhos dos mais esclarecidos.

Alguém disse que o melhor era nos despedir de você com um sorriso. Impossível. Mas nós, os outros bois, enquanto não chega a nossa vez, sabemos que você não está num rebanho qualquer na eternidade. Mas, no dos escolhidos. Amparado e brilhando imensamente nas tirinhas e charges que vão fazer a alegria dos deuses de agora em diante.