quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O rock horror nas profundezas (a terra do samba)

Os criadores do rock horror há mais de trinta anos, numa era em que caveirinha não era brinquedinho de menininha de maternal, deixaram marcas na história da humanidade e mais ainda na da música. Naturalmente, a passagem de um de seus integrantes pelo Rio de Janeiro e sob os olhos profanos da  plebe ignara (povo ignorante em latim) não poderia resultar em desastre maior que, mesmo aliado a outra lenda viva que é Marky Ramone (dispensa apresentações, pelamor gente) ter apenas 25 minutos para tocar num palco pequeno e secundário onde se apresentou em sua maioria bandas cover. O resultado de comentaristas que nasceram para cob rir partidas de futebol e desfiles carnavalescos foi até a mudança do nome desta banda que desceu do Olimpus para nos brindar com um estilo adorado no universo de Misfits para MisfIstis!

Mas jogue álcool gel em seus olhos e senta que lá vem a história:

Formada em 1977 (um ano dourado da música underground) por Glen Danzig, na privilegiada cidade de Lodi, em New Jersey, esta banda influenciou muitas outras e teve músicas profanadas até pelo Metallica. Vi seu primeiro show no Brasil em 1998. Seu nome foi escolhido como uma homenagem à Marylin Monroe e este é o título de seu último filme, antes de ser assassinada pelos asseclas de John Kennedy. Jerry Only era o baixista na época e o tempo mostrou que sua importância foi capital, já que até hoje mantém vivo o patrimônio musical.

O visual que adotaram tinha a ver com homenagem aos grandes ídolos americanos da época, e já mortos, por isso os topetes caídos, as peles brancas e os esqueletos. Jerry batizou este estilo de Devilock.

Após os devidos entra e sai de outros membros, o irmão de Jerry, Paul entra na guitarra e recebe o nome de Doyle. Até 1982 circulavam EPs (nas fitinhas branquinhas que se vendia clandestinamente no mundo todo) quando saiu o primeiro LP Walk among us.
Suas letras que misturam violência e amor ao mesmo tempo, como nos filmes antigos e crimes passionais, conquistaram o mundo. E seus discos de vinil eram sempre coloridos e impressos. O fato de todos precisarem ter empregos paralelos à banda já que não tinham patrocínio ou agenda de shows, prejudicou a divulgação e a saída de Danzig para carreira solo fez com que ficassem nesta situação por muitos anos. (A humanidade ainda sofrerá por isso).
Até que o Guns 'n Roses, que era composto de fãs, gravou uma versão de Attittude e aí deslanchou, dando origem a uma série de covers por outras bandas que visavam a mesma projeção de Axl Rose e seus companheiros.
Em 1994 fizeram audição para um novo vocalista e optaram por escolher um novato que não conhecesse a banda para que eles se renovassem. Michael Emanuel (olha o nome profético) entra e é rebatizado por Jerry. Assim nasceu o genial Michale Graves e o resto é história, até seu desentendimento por não poder viajar para a tour Sul Americana.
Após estes incidentes tivemos até a formação Jerry, Dez Cadena e Marky Ramone visitando nosso país e mais tarde incidentes como o fechamento de uma casa noturna duas vezes pelo prefeito de Curitiba para que a banda fosse impedida de trazer seu som considerado pelo mesmo satanista e prejudicial, e eu estava lá neste nefasto acontecimento.
Agora o Brasil evoluiu em alguns locais a ponto de trazê-los (ou pelo menos Jerry e quem ele cconseguir) uma vez por ano.

Michale Graves esteve com o Marky Ramone's Blitzkrieg este ano e alguém precisa avisar o Guinness que a banda possui mais um record: seu nome escrito das formas mais bizarras. Além de músicas dos Ramones Michale tocou a sagrada Saturday Night e poucos clássicos do Misfits.


Espero que um dia eles voltem a tocar juntos e de preferência venham parar aqui em Santa Catarina, pois para os deuses nenhum sonho é impossível.


Ah, que saudade dos tempos que os jornalistas copiavam os nomes das bandas à mão, letra por letra!

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Vai na paz

Hoje é tão comum receber notícias de mortes, que as pessoas se embruteceram a ponto de não se comoverem mais com nada, só irem atrás de detalhes sórdidos, se os houver.  E quando a pessoa que se vai é alguém que fez parte da nossa vida, aquelas pessoas que mesmo do outro lado do nada conseguem se fazer presentes nos nossos momentos, é meio revoltante a falta de respeito que se tem pela vida e pelos que os mortos deixam a se acabar em lágrimas. 

No dia de hoje perdi duas pessoas. Uma que já estava doente e foi um alívio para ela, tenho certeza. E outra bem jovem. Só eu consigo entender a dinâmica de abrir mão de uma vida que poderia ser longa, porque já tentei me matar várias vezes. E quando eu lamento a perda de alguém próximo, é de se admirar, porque é muito fácil se conseguir meu ódio eterno. Geralmente a notícia da morte de conhecidos e desafetos me faz passar para o lado bipolar de cantar Hare Krisna e dançar por mêses. Nunca na frente da família ou dos amigos dos mortos, claro.  Numa outra encarnação devo ter cortado cabeça de pelo menos metade da humanidade. 
É muito horrível ver alguém rir de uma pessoa próxima que morre, ainda mais agora que a internet está aí e não dá pra se esconder de curiosos e piadistas. Enquanto os que ficam com o chão tirado debaixo dos seus pés não sabem como vão ter forças para continuar por causa de filhos pequenos, e etc. vem as piadinhas, os deboches, os que falam mal e inventam detalhes da morte e isso, realmente, é coisa de brasileiro, e lamentável. 
Por irônico que pareça, isso me ajuda a me conformar. Primeiro porque se a pessoa estava doente, já é um alívio ter deixado este mundo de sofrimento, porque a doença e a velhice são as provas mais cabais de que o inferno existe. E que está lá, torrando o mármore esperando pelos engraçadinhos e forever alones que esperam conseguir adicionar pessoas a seus perfis debochando dos mortos.  Claro, queria ver eles debocharem na cara do Anderson Siva. Mas a covardia está em alta, e então com certeza conseguirão mais adicionados. Aumentarão o número. Nunca se viveu de forma tão burocrática, lidando tanto com números e ainda há quem diga não gostar de matemática.

Quando o/a amigo/a que se vai não aguentou mais este tipo de ser que domina a terra e decidiu por si terminar com isso aqui e ir para qualquer outra coisa, que é com certeza melhor que onde estamos, aí é que vem a horda de comentários: não tinha coragem para enfrentar a vida! Como se eles tivessem coragem para enfrentar uma barata de borracha colocada na sua maionese.

Sorte de quem se vai. Não perde nada. Se for mais velho, se livrou de muito sofrimento. Se for jovem, mais ainda. A gente derram lágrimas mas é em memória dos bons momentos. É de amor. 
A lembrança de nossos companheiros, esta nunca morre. Imagino que quando os memoriais se desgastarem com a ação natural do tempo ela ainda estará firme em algum lugar. Já aos que pensam lucrar com a morte, nem que seja em número pra atingir meta de seguidores, estes sim, antes mesmo que os vermes de pior mau gosto comam seu envólucro carnal já estarão esquecidos. E seus descendentes estarão, ao lado do nome acompanhado de luto eterno, escrevendo kkkkkkkkkk em alguma postagem boba.





terça-feira, 6 de agosto de 2013

Paramore incident

Oh, Tx God! Sempre fui punk rocker!
Filhos são sempre aquelas criaturinhas que vem a este mundo para descontentar e rachar a cara das mães. Ainda mais se a mãe for como um uma criatura meio autista que vive num mundo a parte do resto. Uma das minhas adorava o Paramore.
Sempre achei uma bandelha poser, de gente muito robert, muiyo hipócrita, e a voz da menina muito nhenhenhen.
Para meu desgosto, minha filha por ser muito branca, loura e de olhos azuis fez seus amigos fãs do mundo todo encherem sua cabeça adolescente de fantasias sobre ser a Haylley brasileira. Seu cabelo até a cintura de um louro cinza que as mulheres brasileiras gastam fortunas para obter a mesma cor em descolorantes ácidos, foram tingidos sempre da mesma cor e arruinados.
Fora que aqui cabelo cor de água de salsicha é sinônimo de nóia e o taxi em que ela estava chegoua ser revistado pela polícia. A figurinha aí em cima não tem nem face porque na verdade eles não tem responsabilidade e nem respeito pelos fãs, como demonstraram aqui.
Num dos meus momentos bipolares, eu cheguei a traduzir ao vivo para uma galerinha em video conferência uma entrevista da mãe da Haylley que é da educação. Tanto esforço da meninada me fez muitas vezes pegar na guitarra e tocar para que a minha Haylley cover cantasse The Only Exception em festas e etc...
Muito bem, chegou a época do show no Brasil e numa cidade onde eu tenho até uma casa e no dia estávamos lá. Mas na hora de desembolsar metade de mil dólares por um mísero ticket, minha filha teve uma crise de princípios e talvez por ter sido sabatinada pelos Ramones, Dead Kennedys, Green Day desde o útero e me vendo no hospital acabou desistindo de ir até ao hotel, já que seus amigos alertaram que a sua ''ídala'' era uma antipatia.
Apesar de ficar com pena, pois eu vi os Ramones desde seu primeiro show no Brasil, idem o Motorhead e tantos outros deuses, meus outros teens viram o Guns e tantos outros no auge da fama e numa época em que uma banda vir ao Brasil era o mesmo que uma nave espacial descendo em Brasília e declarando o fim do ECA, da corrupção e a paz no universo.
Deixando esta imagem da Haylley em seu vestidinho idefectível, eu declaro a minha decepção com a falta de ídolos que a galerinha teria se não existissem o Billy Joe, e os garotos do The Maine. Mas fico, mesmo com a notícia paralela da doença do Lemmy meio alegre, porque o punk venceu. E é dele que uso a frase:
Live to win, born to lose!


sábado, 13 de julho de 2013

A última fraternidade secreta

Tem horas que a gente se sente como o rapaz da história cheia de moral cujo pai morreu e ele ''era brigado'' com o pai, por causa de dinheiro. Quando jovem ele queria um carro que o pai não deu, e 20 anos depois, quando o pai morre ele abre uma bíblia pra ler um trecho no enterro - já que tinha se tornado um cara importante com os estudos que o pai o obrigou a fazer - e a comunidade esperava discurso - e ali descobre um velho cheque com pelo menos seis zeros, suficiente até agora para a compra de um carro novo. Cara de pirulito foi pouco, meus leitores!
Tema recorrente (quem não quiser ler, saia), a amizade ultimamente tem sido muito atuante. Hoje abri um material que recebi pra avaliar, comentar e etc e tals e fiquei até envergonhada.
Há um tempo tinha vindo um disco tão legal de ouvir enquanto a gente viaja, ou mexe na casa, ou inventa uma nova arte, atividade esta que vai enlouquecer os que moram conosco. A pronúncia errada é de rachar de rir, mas o importante é a comunicação. Minha teoria mas eu mesma rio litros. E eu não tinha ido lá na página ouvir, mas quando fui... Gente, como tem gente sensível. Eu ouvia aquelas músicas que eram o mesmo que uma narração dos meus dias. E desde sempre, desde que eu era pequena e estes malucos nem me conheciam. Na verdade não conhecem, mas o pouco que viram foi o suficiente pra produzir não uma, mas uma centena de músicas, e nem precisavam dizer que algumas letras são sobre as nossas andanças e as minhas excentricidades, ainda bem que o rock é gritante! hahahah
Não sei se alguém sonha ser musa. Eu sempre fui. E o que me impressiona é que mesmo agora que me retirei da vida ainda continuo a encontrar nas curvas da estrada um ou outro bardo. 
Tá, a qualidade de algumas deixa a desejar até a fã mais entusiasta como eu e como as minhas amigas de sempre. Mas que comovem, comovem.
E eu vejo que sempre fiquei aqui, falando dos maus, enquanto tenho tantos bons, que seja com música, seja com grafite, seja com bolo, seja com pão, seja com churrasco (que eu nem posso comer, carne me faz mal) me dão tanta coisa boa.
Mesmo que estejamos espalhados por aí, alguns exilados como eu, outros a vista, alguns que a gente nem encontrou ou conheceu ainda, somos membros desta enorme fraternidade secreta que se chama fé na vida.