terça-feira, 2 de novembro de 2010

Finados

Neste dia, sempre que é possível, gosto de ir ao cemitério, e como estou milhas de distancia de onde estão os ''aqui jaz'' dos meus entes queridos, já antepassados, escolho um cemitério mais calmo (o que é meio difícil nesta data, mesmo em cidade pequena) e ali no cruzeiro faço meu agradecimento e depois ando por ali, filosofando, viajando mesmo em passadas maioneses, lendo lápides, olhando fotos de porcelana antigas e outras lembranças de tantas vidas, amores, ódios, sofrimentos que ali descansam eternamente. 
Claro que todo este mórbido passeio que para mim é divertido e extremamente cultural (!só eu mesma! Cheguei a ter uma coleção de fotos das obras de arte do cemitério da consolação, copiadas por meus alunos góticos.) também traz algumas lembranças da vida passada - sim, porque caso o ocasional leitor não saiba, já morri e voltei duas vezes. Por isso comecei a última vida nova beeeemm loooonnnggeeee de tudo que não prestava. Minha única motivação: uma criança que protejo como uma leoa!
Voltando, porém, as reflexões insanas e viajantes: fico ali olhando e pensando no quanto uma vida é enganadora: os meus queridos antepassados me ensinaram - e o pior foi eu ter aprendido - que se você for sempre sincero, verdadeiro mesmo, fizer aquilo que sua consciência mandar, vai receber de volta o melhor. Aí, depois que pisam, deitam e rolam, a pessoa morre e correm fazer estátuas, colocar lápides, escrever palavras que na verdade não significam nada de verdade, para posarem diante da opinião de estranhos. Para fingirem que sempre valorizaram, retribuíram, e etc.. Agora, aqui do alto da última temporada, vejo quanto estávamos todos enganados, que até mesmo o nosso amado senhor Jesus Cristo se enganou. Não é possível a pessoa te devolver o que ela não tem dentro de si. O mal não é culpa dos maus: é culpa da nossa ingenuidade. 
O mundo material e o comercial das lojas estão aí a cada segundo enchendo a cabeça vazia da maioria. E vão todos de arrasto, hoje as letras estão tão mortas quanto aquelas pessoas embaixo das lápides. As letras que foram criadas para o registro dos sentimentos. Ninguém mais lê, escreve, interage. Hoje é só o sexo rápido e solitário no msn com uma foto copiada de site europeu que empolga e tomou o lugar da troca afetiva.  E isto não é culpa de ninguém. ainda bem que o mundo evoluiu. Ainda bem que não vou morrer levando para a eternidade ''amores desperdiçados''. Ilusões de amizades que era apenas um crediário. E que não justifica uma ação em empresa de cobranças judiciais. Volto a eternidade quando acabar esta última temporada como cheguei aqui: levando só eu - e Deus. Isso dá uma sensação enorme de plenitude e paz. 

2 comentários:

  1. Eu nunca dei na verdade importância para o dia de finados, nunca fui de ir em cemitérios levar flores ou acender velas, ficar orando na frente do cadáver da pessoa. Acho que se lembrar da pessoa com carinho todos os dias é mais válido. Respeito o dia, mas pra mim é indiferente.

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  2. A Nossas boas lembranças para os entes que se foram é sempre mais importante.
    Eu tambem nunca fui de ir a cemitérios nessa data, aliás, eu só vou a cemitério quando não tem jeito mesmo.

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