quinta-feira, 28 de abril de 2011

Muros e grades

Ontem tivemos uma noite que foi ao mesmo tempo a melhor e a pior de nossas vidas em tempos. Claro, que com o nosso Karma pior que o do My name´s Earl não poderia ter sido uma experiência tranquila e feliz. Isso jamais acontecerá em nossas vidas. A maldição já nasce em nossos genes.
(Humberto antes e depois)

Isso tudo porque ontem fomos, ''cabeça lá na lua'' ver um antigo companheiro de jornada, não importa se este companheiro não tenha a menor idéia de tão trágicas criaturas, sua voz, ''tuas palavras, duras palavras'' sempre nos acompanharam. É verdade que andaram caladas quase uma década por um decreto baixado em casa que estava banido da nossa trilha sonora, mas voltou pelas mesmas mãos que tornaram a banir novamente.
Ontem, senhoras e senhores, garotos e garotas, que hoje não ''invetam um novo inglês'' mas o aprendem desde bebês, crianças, fomos ao encontro do nosso velho poeta e músico, e agora escritor, Humberto Gessinger.
Claro que ele não foi culpado do desenrolar trágico e lamentável dos acontecimentos, mas mesmo assim sua voz calará e seu livro ficará desaparecido por muito tempo por aqui.
Um shopping que deveria primar pela organização que sempre demonstra em seus eventos sediou o que deveria ter sido uma noite de autógrafos numa das livrarias Catarinense. Muitos viajaram até a localidade, alguns com família, chegando cedo para garantir uma senha, sabendo que seriam poucos os autógrafos até em respeito a saúde do escritor.
Antes disso acontecer, o bate papo que trancorreu sem incidentes nos mostrou um Humberto mais maduro, mais acessível, menos apavorado, respondendo as perguntas dos que pegaram senha para perguntar com atenção e até carinho. Uma Wild emocionada recusou a senha que a garota ofereceu com um nó na garganta:
-Sorry, I can´t!
E Melly Jo sempre a postos:
-Desculpa, ele não vai conseguir falar!
Sob os olhos verdes enormes e surpresos da atendente.
As perguntas bobas que muitos fizeram, às vezes iguais as que outros já tinham feito, e um fã verdadeito que perguntou sobre o nosso favortio, o GLM, HUmberto deu respostas emocionantes.

"Eu sou de um outro tempo, um tempo em que a maioria de vocês não viveu, em que a gente tinha que ouvir rádio, aprender a tocar as músicas, e quando eu estava aprendeno a tocar eu inventava outras músicas. Tenho caixas de rascunhos com milhões de músicas que inventei tentando aprender a tocar outras, naquele tempo não tinha banda cover, e nem gravador, se eu quisesse repetir a música que inventei tinha que tocar de novo e aí inventava outra.''
''Eu ouço coisas mais antigas e se eu tivesse que ser crítico iria morrer de fome, porque eu só ouço um ou dois discos de cada banda.'' (...) Ouço Caetano, Gil, Chico Buarque. (...) Bob Dylan (...) Eu adorava os Incríveis e pensava que eles eram maiores que os Beatles. Era tão bobinho que uma prima fez aniversário e tinha os bonecos dos Beatles no bolo e eu achava que eram os Incríveis (...) eles tinham músicas instrumentais e eram demais.''
A mágica da literatura e da música são diferentes. Uma pessoa que viveu há quinhentos anos te faz companhia numa noite. Mas a música você ouve sozinho e a literatura você lê sozinho mas são duas solidões  - nem sei se esta palavra tem plural assim - são duas solidões diferentes.''
(Neste momento Wild derrama lágrimas grossas.)
Enfim, após discorrer sobre coisas viajantes e mágicas, pensamos todos que era hora dos escolhidos irem para a ordem numérica dos autógrafos. Nisso o monstrengo do assessor (o pior possível, pior ainda que os parlamentares) anuncia:
-A ordem não vai ser por senha, vai ser por fila.
Aí já virou um episódio do Supernatural
A surpresa macabra da noite: um grupo já combinado estava lá na frente, numa fila enorme, e todos os outros ficamos amontoados, não teve reclamação, apelo ou o que quer que evitasse que fossemos todos prejudicados. Ninguém além dos já avisados espertalhões que conseguiram passar por cima do direito dos fãs entrou e tirou foto ou pegou autógrafo. 
Extremamente chorosos e decepcionados, lá pelas 10 horas pegamos o carro que tinha ido tocando a discografia que hoje cabe num cartãozinho de 8g do tamanho de uma unha pra voltar num silêncio só quebrado por alguém fungando.
A voz deste poeta e suas palavras muitas vezes impediram não um mais muitos suicídios. Nos mostraram opções para caminhos fechados. Nos deram força para nos recarregar a esperança. Nos deram alegria quando nada nos conseguia fazer sorrir.
Tanto amor inútil, jogado fora.






Um comentário:

  1. Concordo com você sobre a desorganização do shopping. Mas discordo sobre o grupo de pessoas que estava na frente.
    Acho que foi mais questão de quem foi esperto de sair antes pra chegar na fila antes, que foi o que eu fiz.
    Eu não combinei com ninguem de que ficaria na frente, outra amiga minha estava um pouco mais na frente que eu, e também não havia combinado com ninguém isso. Simplesmente percebemos que estava acabando e saimos antes de todos porque sabiamos que a fila ficaria grande.

    Pena vcs não terem conseguido, só quis dizer que quem estava na frente não havia combinado nada com ninguém. Pelo menos não foi meu caso!

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