segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Depressão, ansiedade e internet


Alguns dirão que estou me repetindo, mas o caso de uma ex-amiga me levou a voltar a apertar esta tecla: internet ligada a doenças e TOC.
O caso de C. é de dar pena. Hipnotizada desde criança pela TV e pela idéia que a vida só vale a pena para se aparecer e se mostrar, de preferência num palco ou numa tela, ainda mais se for mulher, ela sempre buscou a fama. Quando viu que a vida artística exigia muito dinheiro para se lançar, viajar e contratar locais para shows, decidiu ir para o lado dos poemas. Coisa tão mais barata e mais fácil, hoje nada se exige dos poetas. Assim, fazia suas brochuras, vendia e tinha uns 200 seguidores Brasil afora, alguns até fora daqui. Seu emprego sempre dava para gastar com correio, o esquema é trocar com outros com o mesmo hobby.  Até que seu mundo caiu quando inventaram a internet e ela teve que se endividar para comprar um computador, assinar internet banda larga, custando caro, e mudar de windows períódicamente. Aí começou sua ansiedade e a depressão foi silenciosamente se instalando a cada toque do mouse. Os webcelebrities começaram a ganhar a TV e ela descobriu que teria que conseguir primeiro, os mil seguidores do orkut, logo em seguida, os trinta mil no facebook, manter um twitter atualizado e ali tentar conseguir as famigeradas indicações, fenômeno típicamente brasileiro.  Então seus problemas triplicaram. Parou de dar atenção a família, filhos, amigos, não nesta ordem, e, claro, ao trabalho. Perdia um tempo enorme tentando adicionar as pessoas, e seus contatos, sendo bloqueada, não respondendo mensagens importantes, deixou de saber da morte de uma das pessoas que mais a amava, ou de mandar condolências, o que valeu mais inimizades e bloqueios, e isso contribuiu para a primeira internação.
Depois que voltou a trabalhar e voltou para casa prometendo ser mais atenciosa e presente, começou, naturalmente, o círculo vicioso de adicionar, indicar, divulgar, e aí começou a receber respostas nada animadoras, já que os desocupados de internet tem ali um paraíso em debochar de gente desesperada por atenção. A língua portuguesa, uma boa dose de cultura literária e pop são fundamentais para que alguém se aventure pelo mundo que é, exatamente, da cultura, seja alternativa, seja a clássica. E o ensino brasileiro só empurra as pessoas semi-alfabetizadas paras as faculdades pagou-passou de R$1,99 por dia.
Seu problema se agravou ainda mais com a  famosa ''falta de noção'', quando deixou a vaidade chegar ao cúmulo de se considerar uma escritora, e acreditar na idéia que era um gênio a ser reconhecido, e mandar cumprimentos e se colocar sempre nos comentários dos perfis de seus contatos como uma celebridade que cede seu tempo. Na verdade, tempo para si mesma ela já não tinha mais, pois cada segundo de sua noite ou do dia era dedicado ao esforço de conseguir os contatos para que fosse reconhecida e conquistasse a fama. Passou a não se cuidar, pois bastava uma imagem copiada da internet e conseguia cada vez mais contatos, e até se deixava adicionar para sexo virtual, em troca de mais e mais números de contatos, que nunca eram suficientes. Sem perceber que envelhecia, os problemas aumentavam, as pessoas reais do seu convívio desapareciam, até que foi a um encontro presencial, onde percebeu que não era mais aquela adolescente de 14 anos que encantava a todos, mas uma mulher, o que no Brasil é o equivalente a uma sub-raça que só tem defeitos: gordura, ruga, celulite, e o pior: idade maior que dezesseis.
O desespero começou a tomar conta quando já não tinha mais amigos, a não ser os de sexo virtual, estava bloqueada pela maioria das pessoas que tinham feito parte de sua vida, viva num mundo de estranhos e sem nenhum respeito. Cada vez menos contatos novos surgiam e não era fácil manter os anteriores. Muitos mudam de hábitos e eliminam os contatos puramente virtuais. Mesmo assim, se julgqa poderosa podendo pedir a grupos de cyberbullies que denunciem e bloqueiem pessoas que não fazem o que ela quer.
A fama não chegava, mas sim os 40 anos.
Sem contar que os computadores, num espaço curto de tempo, se tornam obsoletos e é preciso de uma aparelho novo pelo menos a cada seis meses para se manter nas modinhas que surgem na internet. para piorar seu aspecto, quilos a mais e desleixo, vieram os óculos e o desgaste visual. Passou a não enxergar mais tão bem e sofrer uma série de pequenos acidentes. Nada disso foi suficiente para que ela percebesse que a fama não veio, jamais virá e que perdeu família, amigos, e o respeito por si própria, lutando por uma idéia absurda em vez de tentar viver e se conformar em ser uma pessoa normal, dando valor em quem deu valor nela, levando as coisas mais ''artísticas'' como hobby, assim como todos fazem.
Teimosa e se julgando um gênio incompreendido, ela continua a sua luta pela glória, reconhecimento, fama, descuidada de si e cada dia pior.




 Com este estado lamentável de coisas acontecendo com cada vez mais gente, compartilho com você, leitor, este artigo do The New York Times:




De acordo com um artigo publicado pelo The New York Times, um novo estudo, realizado por pesquisadores da Universidade do Missouri, sugere que a maneira como usamos a internet pode indicar se estamos ou não deprimidos.
Os pesquisadores descobriram que pessoas deprimidas usam a internet de forma diferente, apresentando alguns padrões de uso bastante peculiares. Geralmente, de acordo com o estudo, quanto mais deprimidos eram os participantes, mais frequente era o uso de sites e aplicativos de compartilhamento de arquivos de música e filmes, como os “p2p”, por exemplo.

Ansiedade e dificuldade de concentração

Além disso, outro indicativo foi o alto uso de emails, muito mais frequente do que o uso apresentado por pessoas não deprimidas. Segundo Phyllis Schumacher e Janet Morahan-Martin, psicólogas responsáveis por uma pesquisa paralela, a checagem constante de emails pode indicar altos níveis de ansiedade, um dos sintomas relacionados à depressão.
Os pesquisadores também observaram que os indivíduos deprimidos costumam mudar de aplicativos e sites constantemente, utilizando principalmente aqueles relacionados a filmes, salas de bate-papo e emails, sugerindo dificuldades para manter o foco e a concentração, mais um sintoma da depressão.
Portanto, preste atenção na maneira você — ou seus amigos — passa o seu tempo na internet. Você passa horas assistindo a vídeos, checa seus emails a cada 30 segundos ou muda de um site para outro constantemente em busca de arquivos de música, filmes ou jogos? Cuidado, isso pode significar que você precisa de ajuda.
Fonte: The New York Times


Leia mais em: http://www.tecmundo.com.br/mega-curioso/25210-depressao-e-internet-conheca-alguns-sinais-que-podem-indicar-a-doenca.htm#ixzz28jLCDZdF

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