domingo, 8 de agosto de 2010

Fanzines: Os excluídos do subúrbio

Décadas atrás fiz muita burrada, muita coisa de que me arrependo e se pudesse voltar atrás apagaria a sujeiro com um destes produtos de limpeza que aparecem no comercial que quando a esponja espalha, a tela se enche de borboletas, flores e quedas d'água! Mas nada se compara a jumentisse que fiz no tempo dos fanzines de papel. Santo Dio!

Comecei nos anos '80 com os punks no mimeógrafo e depois migramos pra cópia. Aí os carecas apareceram matando os punks, primeiro o Kid vinil virou uma celebridade da noite prodia, o Walcyr abriu uma loja maior, que virou ponto de encontro ( o melhor que já existiu, deu um nó na garganta agora), João Gordo virou uma celebridade como sempre sonhou, o fanzine que eu mais gostava e que se chamava Rock Brigado e que tinha o Edú escrevendo as resenhas mais originais e incríveis virou revista e o Edú foi devidamente chutado conosco pra baixo do tapete. Na verdade, nós, as mulheres tão admiradas pelo seu pioneirismo, por termos sido as primeiras corajosas a andar como ETs na rua quando todas as outras usavam o tataravô da chapinha e tailerzinho, sonhando com a carreira de dona de casa, num contraste violento com nossos jeans e roupas pretas, inexistentes em lojão como hoje, fomos as primeiras a sermos deletadas, defenestradas, varridas.

Mas, no meu incrível masoquismo, achei outra praia, quando minha filha mais velha teve depressão, e na época a levei para o fantástico mundo dos então altruístas. 
Este mesmo altruístas de ontem, que tanto combatiam o oco e fútil, hoje são desesperados para se tornar webcelebrities, desde que o diploma de jornalismo se tornou papel higiênico. E no afã de aparecer fizeram um filme a respeito, onde só os bem sucedidos e de destaque na internet cheios de seguidores do tipo um segue o outro! 
Nosso consolo é que muitos outros também não foram convidados, pré selecionados para o corporativo mundo que decidiu enlatar e pasteurizar o último sorpo de cultura que o país conheceu. Como diria Christian Pior: CEP Ruim!
Só no final da vida e com o corpo devastado pelas radio terapias fui descobrir o significado de underground: subsolo do inferno.

Um comentário:

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