terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um estranho filme de sonhos

post do dia 30-11

Nós, os loucos, gostamos de sonhar. E este é o maior de todos os nossos transtornos obssessivos compulsivos.
E ainda mais quando um filme já é um pretexto para devaneios mil. Isto acontece com um velho filme chamado Road to Graceland ou Finding Graceland - Um estranho chamado Elvis.


Neste filme, o personagem principal está muito deprimido por ter perdido a esposa. Encontra um coroa na estrada com um papel escrito Graceland (é assim que pedem carona e Graceland foi a casa do Elvis onde hoje é um museu,não só do Elvis, mas do história da família classe média americana dos anos 50 até os 70). Ele prefere ignorá-lo, mas acaba dando carona a ele, que afirma ser o próprio Elvis e então uma série de acontecimentos emocionantes se desenrola.
€mocionante é pouco, viajante ainda mais.
Harvey Keitel mostra o quanto é bom ator: nem ao menos os olhos cor do mar do Elvis ele tem! E não está nada parecido com o Elvis, mesmo com todos os mandrakes que se usa para recriar a imagem de Elvis gordo que todo imitador tem.




Até os mais novos que só sabem que The King era um cantor que criou um estilo ficaram atentos e entenderam as minhas incríveis teorias emocionais sobre a segunda chance que alguns espíritos tem de vir fazer mágica na terra e tornar felizes as pessoas infelizes. Ou pelo menos tentar.
Se você é capaz deste tipo de pacto ficcional, peque uma bacia de pipoca, um copo gigante de suco de sua preferencia e mergulhe neste filme. Sem testemunhas.
Depois me escreva e eu contarei as minhas experiências. E, claro, estou ansiosa para ouvir as suas.
Agora uma coisa posso adiantar:
No meu mundo infantil, vivia uma guitarra madrepérola e vermelha de um primo imitador de Elvis magro e vivo. Nunca vou esquecer o impacto que a abertura daquela caixa preta teve no meu então cérebro de rata de biblioteca. Ou de quando me pediram pra contar ao mecânico americano a serviço da Honda motors que ele tinha morrido. E do enorme desfile de limousines longas e pretas em direção ao cemitério em VHS mórbido que veio ao Brasil a peso de ouro para exibição de detalhes do seu enterro aos inconsoláveis (e já coroas e ricos) fãs.



Quando vi Graceland neste filme percebi que ali o tempo parou. Que as mesmas flores avermelhadas estão ali na entrada, perto de alguns jasmins, a velha TV, a cortina de cetim azul.
Fiquei feliz pensando que, se Elvis morreu de desgosto, deprimido, por não ser mais nem agarrado por fãs na rua, podendo sair de casa com um anel de pedra preciosa enorme e ser confundido com um cover, já que todos só se lembravam dos Beatles, na mídia, claro, o meu Joey morreu feliz. Tantas celebridades que tentaram levar alegria ao mundo com sua arte morreram desprezadas como Elvis. Mas, o meu Joey morreu feliz.E segundo sua tão amorosa mãe Charlotte, seus últimos pensamentos foram para os seus fãs. Ele não tem uma mansão para celebrar sua memória como um mausoléu eterno, mas tem uma esquina em New York, cidade que tanto amou quando viveu e onde era querido até pela polícia, por ter feito um show beneficente para que eles comprassem coletes a prova de balas.
O meu Joey (O Ramone) não viveu para ver, mas sabia: seus fãs eram sementes. Estas deram muitos frutos. E ontem mesmo vi um garoto andando de bicicleta com a camiseta, a jaqueta preta (num calorão) e um all star.
Pena que o mesmo não podemos dizer do nosso Raul, que esteve em Graceland.
Então pelo menos digo sempre: toca Raul.

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