quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Madonna mia! Ela está no Rio!

Quando era pequena, vivia ouvindo os italianos (naquela época maioria em SP) sempre dizendo quando acontecia alguma coisa surpreendente: Madonna mia! Ou os do Bexiga (foi o bairro dos imigrantes italianos em SP, berço de Adoniran, Oswaldo e tantos outros fratellos) dizendo: Madonna da Achiropita! Esta era uma santa que tinha uma capela no meio do bairro. Todo ano tinha a rifa de um provolone de 1,80 na festa da Achiropita onde nos tempos do metal o povo alegre se misturava entre pizzas, calzones e todos os ones deliciosos regados  a um bom Chianti (aquele vinho de garrafa de bolinha) e sentados juntos estavam os headbangers e os cantores de música italiana, mpb (que eram um chatérrimos querendo posar de Einstein), violinistas, pintores, atores e atrizes de teatro e os mendigos tão simpáticos quanto Carlinhos pode mostrar... 
Por isso foi engraçado quando a MTV colocou no topo do mundo uma loira que logo virou capa de guarda chuva com o nome que lembrava a invocação a Nossa Senhora. 
Naquele tempo, para os rockeiros ver alguém levar o nome rock sem ser um macho velho e peludo era um sacrilégio maior que tudo exposto acima. Por isso eu ignorava e fazia o que hoje faço com criaturas imbecis como a Putty: apareceu, mudo de canal, desligo o rádio, etc... 
No entanto, o tempo foi passando. E um dia me tornei muito próxima (mais do que sempre fui) de amigos GLS, talvez pela discriminação que sofre quem como nós ousa ser si mesmo. Eles pela opção sexual e eu pela opção pessoal: eu sou eu, não uso chapinha, uso jeans e tenis, ando de cara lavada, com marcas do tempo e tudo, odeio o chique e não uso sapato (como diz Chorão). Sou tão auto-suficiente que na maioria dos casos consigo até consertar um carro, usando ferramentas já que a LER acabou com minha forcinha. 
Esta proximidade me aproximou de Madonna.



Nesta foto, com o cabelo que MTV manda chamar de horrível e que pra mim é o mais lindo do mundo. Cabelo é pra descabelar, não é pra colar na cabeça feito pincel.

Ao conviver com aquele povo de tanta garra, engrossando suas marchas pela Paulista, acabei me acostumando a ouvi-los falar dela e de suas atitudes até então desconhecidas para mim, que só sabia do lado sexy divulgado na mídia. Eles me diziam que eu não devia odiá-la e me chamavam de Madonna punk, já que tinha assumido meu posto de mulher, era branca, usava roupa preta e era extremamente contestadora. Acabei aceitando.

Esta é a Madonna desconhecida, olhando bem hoje...

Agora ela está no Rio. Ninguém nos convence que este lance do Jézuis não é só um de seus inúmeros atos assistenciais e para colocar o branquicelo bocó do gay richie em seu devido lugar de tonto que não soube dar valor a mulher. No dia do blecaute, entre suas reuniões de apoio a ONGs inclusive com outra injustiçada pela mídia, Dona Marisa (isso não vai aparecer em lugar nenhum já que são duas mulheres que não a Julia Paes e a Boing Boing) só ela tinha  luz: a própria e a da família do Jézuis que ela veio ajudar. O engraçado foi eu ler que ela desmarcou reunião com Afrorregae e dizer: ué, a Madonna está na Bahia? E as meninas respoderem: não, ela está no Rio!

Reparem no fundo: os meus amados livros!


Está então cientificamente comprovado que uma mulher pode se tornar uma celebridade, usar e abusar de tudo que a vida tem de melhor, recorrer a tecnologia da saúde para se manter maravilhosa. Eu bem que queria ser uma Madonna, neste mundo cheio de Paris Hilton que são endeusadas pela mídia que quer ver a mulher virar um maracujá desidratado aos 25 anos.
O que mais gostei foi a afirmação do sábio dos sábios, José Simão:
O homem antes queria trocar duas de 20 por uma de quarenta, hoje queremos trocar duas de 25 por uma Madonna!

Para desespero dos amigos rockers, ainda pego numa guitarra ou num baixo para uma versão ramônica de Holiday, Celebrate!

4 comentários:

  1. Respeito opiniões. Sou rocker, e curto Dalida e Evaldo Braga. Coisas totalmente díspares, mas que percebo autenticidade nelas. Tudo que me é imposto, tudo que é empurrado goela abaixo à seco, tudo que é repetitivo e tem apoio incessante da mídia, é alvo da minha desconfiança. Por isso, não gosto de Madonna. Não a considero uma revolucionária, não a considero sequer uma artista talentosa. Pra mim, ele veio substituir os Beatles nos anos 80, mas como é mais ligeira, está por aí há mais tempo. Mesmo se eu fosse pagodeira, ou curtisse essas babaquices pop de hoje e de sempre, eu não iria gostar da Madonna. É uma simples questão de gosto, não tem relação nenhuma com o rock.Prefiro a Daniela Mercury, hehehehe!!

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  2. Minha postura musical os meus amigos ja conhecem, curto rock dos anos sessenta, setenta, coisa dos anos oitenta, muito blues, mpb de boa qualidade Funk music dos anos setenta (não essa merda de hoje) e por aí vai. Pode parecer estranho, mas eu sempre gostei da Madonna, tanto das musicas "bobinhas" dela quanto pelos escandalos que ela proporcionava, eu sempre adorei os escandalos dela. Eu não a acho revolucionario até porque isso ja não diz nada hoje em dia, e nem iria em nenhum show déla, mas gosto mesmo dessa mulher desbocada e que faz o que quer...éla pode! Se estou mudando de estação no radio e esta tocando uma musica dela eu paro e escuto. É estranho isso para um cara que curte B.B king, Carey Bell, Charlie Musselwhite etc...Mas, musica é uma linguagem universal e Madonna é Déz, alem do mais aquele ar de "gostosona" dos anos oitenta nunca vai morrer né!

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  3. Meu Deus! Eu quero beijar essa mulher!!!!!

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